Morre aos 88 anos o cineasta e crítico Jean-Claude Bernardet

Nascido na Bélgica, Jean-Claude Georges René Bernardet mudou aos 13 anos com a família para o Brasil. Aqui, naturalizou-se brasileiro em 1964

14:29 | Jul. 12, 2025

Por: Rogeslane Nunes
Morre aos 88 anos Jean-Claude Bernardet (foto: Reprodução/Redes sociais)

Morreu neste sábado, 12, Jean-Claude Bernardet, grande pensador do cinema brasileiro, aos 88 anos. O seu falecimento foi confirmado pelo cineasta Fábio Rogério, à Folha de São Paulo. Fábio o acompanhava no Hospital Samaritano, em São Paulo.

Jean-Claude convivia com o vírus HIV e com um câncer reincidente na próstata, que decidiu não tratar com quimioterapia por se incomodar com os efeitos colaterais. Mais informações sobre a causa da morte ainda não foram divulgadas. O velório será feito na Cinemateca Brasileira, entre 13 e 17 horas do domingo, 13.

Diplomou-se pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, e era doutor em Artes pela Escola de Comunicação e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP). Ele entrou no mundo do cinema a partir do cineclubismo e, partir desse ponto, passou a escrever críticas para jornais.

Além de crítico, Jean-Claude era professor, historiador, escritor, roteirista, ator, cineasta e diretor. Nascido na Bélgica, Jean-Claude Georges René Bernardet mudou aos 13 anos com a família para o Brasil. Aqui, naturalizou-se brasileiro em 1964.

Chegou ao Brasil em 1949 e morou em São Paulo. Em 1965, com Paulo Emílio Salles Gomes, Lucila Ribeiro Bernardet, Pompeu de Souza e outros, foi um dos fundadores da Universidade de Brasília (UnB).

Perseguido pela ditadura

Quando professor da USP, militante de esquerda, Jean-Claude foi cassado e aposentado pelo Ato Institucional Nº5 (AI-5). Bem humorado, o crítico de cinema dizia que os militares transformaram um professor semianônimo em opositor célebre do regime militar.

Bernardet foi reintegrado à Escola de Comunicações e Artes (ECA) em 1979, onde se aposentou em 2004. Sua homossexualidade foi usada com frequência por adversários nos ataques a suas ideias e os seus trabalhos.

Obras

Com vasta intervenção na produção cultural brasileira, entre as obras de Bernardet destacam-se:

  • Brasil em Tempo de Cinema (1967);
  • Trajetória Crítica (1978);
  • O Que é Cinema (1980);
  • Piranha no Mar de Rosas (1982);
  • Cineastas e Imagens do Povo (1985 e 2004);
  • Cinema e História do Brasil (com Alcides F. Rames, 1988); Aquele Rapaz (ficção e memória, 1990); e
  • Caminhos de Kiarostami (2004).