Morre Hélio Delmiro, referência do jazz no Brasil, aos 78 anos

Referência do jazz no Brasil, o violonista e guitarrista Hélio Delmiro morreu aos 78 anos de idade

20:01 | Jun. 17, 2025

Por: Lillian Santos
Referência do jazz no Brasil, o violonista e guitarrista Hélio Delmiro morreu aos 78 anos de idade (foto: Camila Macedo/Divulgação)

Nome de referência do jazz no Brasil, o músico Hélio Delmiro morreu na segunda-feira, 16, em Brasília, aos 78 anos de idade. A informação foi confirmada por André, filho do artista, em publicação nas redes sociais.

Conforme a Folha de S. Paulo, Hélio havia sido diagnosticado com diabete e problemas renais, e estava fazendo hemodiálise. A causa da morte, no entanto, não foi informada.

Arranjador, compositor e instrumentista, Hélio Delmiro construiu uma carreira de sucesso devido ao seu talento como violonista e guitarrista. Nascido no Rio de Janeiro em 20 de maio de 1947, o artista iniciou a trajetória em meados da década de 1960, ao integrar os grupos Fórmula 7 e Conjunto 3-D.

Com o passar dos anos, gravou com nomes importantes da música popular brasileira, como Elis Regina, João Bosco, Toninho Horta, Djavan, Renato Russo, Nana Caymmi, Milton Nascimento, Clara Nunes, Emílio Santiago e Tom Jobim.

Hélio reúne participações em diversos discos importantes, com destaque para “Elis & Tom”, de 1974, e “O Som Brasileiro de Sarah Vaughan”, de 1978. Em maio deste ano, gravou “Certas coisas”, álbum em parceria com o cantor Augusto Martins.

Artistas lamentam a morte de Hélio Delmiro

A cantora niteroiense Ithamara Koorax, reconhecida como uma das três maiores vozes do jazz pela revista Downbeat, lamentou a perda do amigo. "Lamento o falecimento do genial Hélio Delmiro, com quem tive a oportunidade de fazer sons incríveis. 'Samambaia' e 'Emotiva' estão entre os meus discos de cabeceira", publicou em suas redes sociais citando dois álbuns do violonista.

Lançado em 1981, "Samambaia" é uma parceria de Hélio com o pianista César Camargo Mariano, que também lamentou a perda do músico. "Grande companheiro de lindos sons. Hélio Delmiro, Helinho". Ainda sobre esse disco, o pianista Itamar Assiere comentou: "Se Hélio Delmiro tivesse vindo ao mundo apenas pra fazer esse disco primoroso com Cesar Camargo Mariano, sua vida já teria valido a pena. Mas foi muito mais do que isso. Foi um dos nossos gênios do violão e da guitarra, do choro, do samba e do jazz. Descanse em paz, mestre. Lugar garantido no panteão dos heróis da música brasileira".

O baixista Alex Malheiros, do grupo Azymuth, um dos mais importantes da cena jazz internacional, relembrou da generosidade de Hélio Delmiro em momentos difíceis. "Um amigo de alma, que esteve comigo em momentos muito difíceis da minha vida, me acolheu com carinho e generosidade quando mais precisei. Nunca vou esquecer sua presença num show beneficente no Circo Voador no Rio de Janeiro, ao lado do Frejat e do Barão Vermelho, num momento muito delicado em que meu filho precisava de uma cirurgia. Helinho esteve lá, com seu coração gigante, e esse gesto ficou marcado para sempre no meu coração", relembrou. "Helinho foi muito mais do que um músico genial — foi um amigo leal, de coração enorme, desses que a gente leva pra vida toda", acrescentou.