Mario Frias anda armado no trabalho e grita com servidores, afirma jornal

Tensão, desconforto, medo e sensação de ameaça são relatados pelos trabalhadores da Secretaria de Cultura do governo Bolsonaro

10:51 | Mai. 25, 2021

Secretário de cultura, Mario Frias (foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Funcionários relatam que Mario Frias, secretário Especial da Cultura, deixa arma visível na cintura no local de trabalho, além de gritar e ofender servidores e terceirizados. A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo e confirmada pela Splash UOL, por meio de fontes que frequentam o órgão.

“Imagine esse contexto e o seu chefe com arma na cintura. O medo e a sensação de ameaça são constantes”, disse uma das fontes à Splash, que preferiu não se identificar. A arma, segundo uma das fontes, "gera mal-estar e desconforto entre funcionários e pessoas que se reúnem com o secretário".

De acordo com o site da Polícia Federal, Frias tem uma pistola Taurus de calibre .9mm registrada em seu nome. O secretário obteve o porte no fim de 2020, sob a justificativa de que sofria riscos ao ocupar o cargo. O documento permite que um cidadão circule com uma arma de fogo "de forma discreta", de acordo com a Polícia Federal.

Na solicitação, Frias declarou que passava por “um momento com ataques políticos, ameaças e manifestações violentas”. “Tendo em vista que, na condição de secretário Especial da Cultura, participo de eventos e reuniões em todo Brasil, muitas vezes em meio a protestos e manifestações violentos, faz-se extremamente necessário o porte de arma”, disse.

Alguns servidores se queixam de estarem sofrendo “assédio institucional”, afirmando que há boicotes, como a falta de retorno às demandas, e perseguição a servidores chamados a dar informações ligadas à secretaria em audiências públicas.

Em março, um encontro organizado pela Associação de Servidores do Ministério da Cultura (AsminC) resultou no "Relatório sobre assédio institucional nas instituições do executivo federal ligadas à pasta da Cultura", que traz relatos anônimos de servidores da secretaria e de entidades ligadas a ela, como a Funarte, a Casa de Rui Barbosa, a Fundação Palmares e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

De acordo com os entrevistados, essas instituições sofrem com práticas similares, apesar de terem presidentes e diretórios próprios. “Tanto a troca em si, de forma frequente, dos gestores, quanto a seleção de gestores pouco afeitos ou preparados para as áreas em que são destinados, é compreendido por nossos entrevistados como uma forma de 'assédio institucional’”, diz um dos trechos do relatório.