Compositor Alberto Nepomuceno completaria 156 anos hoje, 6; centenário de morte acontece em outubro

O compositor, regente e pianista, Alberto Nepomuceno, foi um defensor da língua nacional na música erudita brasileira. O cearense deixou um legado no meio artístico

14:57 | Jul. 06, 2020

Ilustração em nanquim de Alberto Nepomuceno para O POVO, de Mario Sanders (1988) (foto: Mário Sandes/Divulgação)

Nascido em Fortaleza, em 6 de julho de 1864, Alberto Nepomuceno teve sua trajetória guiada por um sonho: levar a cultura brasileira para a música erudita. Na época em que viveu, um concerto em português era inconcebível devido à forte influência europeia.

Era um fato extraordinário, mas não era impossível. O compositor, que terá seu centenário de morte em 16 de outubro deste ano, provou que seu povo também poderia ser representado nas canções e melodias.

Considerado um dos mais importantes músicos do país, era defensor das ideias abolicionistas. Sua luta pode ser analisada em sua profissão: realizou concertos em prol da causa, escreveu em jornais de pensamentos libertadores e refletiu as questões em sua música.

Sua influência no cenário artístico foi tão forte que todo cearense já escutou, no mínimo, uma de suas composições. O Hino do Ceará, adotado em 1903, é um dos exemplos de sua autoria, com letra de Thomaz Pompeu Lopes Ferreira e regência de Zacarias Gondim.

Para homenagear o centenário de morte de Alberto Nepomuceno, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e o Porto Iracema das Artes realizarão uma programação exclusiva entre os meses de agosto e dezembro. O “Ano Alberto Nepomuceno” irá revisitar e disseminar o legado do cearense, que ecoa até os dias atuais.

O evento faz parte do III Sirim - Simpósio de Regência e Interpretação Musical, da Uece. Sob o tema “Alberto Nepomuceno em Foco”, serão feitas videoconferências no canal do Youtube e na página do Facebook da escola de artes. A programação ainda está em processo de finalização. Por isso, não foi divulgada.

A professora e curadora, Inez Conçalvez, adianta que as mesas-redondas contarão com músicos e pesquisadores para debater sobre a vida e a obra de Alberto Nepomuceno. Entre os nomes já confirmados para as transmissões ao vivo, estão o maestro Julio Medaglia e a cravista Rosana Lanzelotte. Em outro momento, os pesquisadores Edilson Vicente de Lima, Avelino Romero Pereira, Luiz Guilherme Goldberg e Monica Vermes abordarão suas visões sobre os impactos do compositor.

Apresentações musicais também ocorrerão durante a programação. A cantora e produtora Mona Gadelha, por exemplo, fará uma releitura de uma canção de Alberto Nepomuceno. Outra atração será o coral da Uece, regido por Inez Martins Gonçalves. "O evento pretende trazer outros olhares, leituras e pensamentos sobre a trajetória de Alberto Nepomuceno. Dessas conferências, será organizado um livro a ser publicado posteriormente", afirma a professora Inez Gonçalves. 

A curadoria é composta por Elba Braga Ramalho, Gilmar de Carvalho, Inez Martins Gonçalves, Anna Maria Kieffer e Marcio Landi. Confira homenagem do professor Gilmar de Carvalho no site do Porto Iracema das Artes.

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