Rock in Rio pode ter edição chilena em 2021; confira entrevista com idealizador do festival

A edição no Chile ainda não foi confirmada, mas Roberto Medina, idealizador do Festival, assinou acordo de intenção para realização do festival no país em 2021

10:31 | Out. 07, 2019

Os shows ainda devem demorar a voltar, dizem especialistas (foto: Reprodução/Instagram )

A edição de 2019 do Rock in Rio foi oficialmente encerrada no Brasil no último domingo, 6, mas já programa encontro com novo país na América do Sul. Roberto Medina, idealizador do Festival, assinou acordo de intenção para realização de uma edição do RIR no Chile em 2021.

O documento assinado no último sábado, 5, em conjunto com Felipe Araya, diretor da Rock Santiago, prevê, entre outros, o compromisso da apresentação, por parte do festival, de todos os documentos solicitados pelas autoridades do país e a entrega de um cronograma de trabalho para órgãos públicos e privados.

Conforme anúncio do acordo, autoridades chilenas – representadas pela Intendente da Região Metropolitana e Presidente do Diretório da Corporação Regional do Território Territorial e Turismo da Região Metropolitana, Karla Rubilar Barhahona – afirmaram o valor de ter a cidade de Santiago como possível destino do Rock in Rio.

A partir do acordo, eles devem se comprometer a oferecer as condições adequadas para que o Festival aconteça de fato no Chile, o que inclui mediação com diferentes entidades, uma parceria público-privada na busca pelo local dos shows e funcionários técnicos que possam contribuir para o avanço do projeto, entre outros. A realização do Rock in Rio chileno ainda não foi confirmada, mas caso seja, as partes devem assinar ainda um documento detalhado com suas obrigações e compromissos para o festival.

Durante a edição brasileira do festival em 2019 (entre 27 de setembro e 6 de outubro), Horário Brandão, correspondente do O POVO, conversou com Roberto Medina sobre o Rock in Rio, abordando expectativas para o futuro. “Nunca achei que chegaria nessa dimensão. Eu achava que eu tinha feito mais que um festival, eu tinha feito um movimento, mas não achava que seria tão longevo”, comenta.

Confira entrevista na íntegra:

O POVO: A proporção que o Rock in Rio tomou cabe no sonho de 1984/85?

Roberto Medina: Nunca achei que chegaria nessa dimensão. Eu achava que eu tinha feito mais que um festival, eu tinha feito um movimento. Desde o sonho inicial era isso, mas não achava que seria tão longevo. E o que hoje eu acho bacana no Rock in Rio é que ele é uma prova concreta de que esse Estado pode dar cedo, aqui é uma mini cidade feliz, com pessoas brincando, enquanto temos uma cidade complicada vivendo ali fora.

OP: Você conseguia vislumbrar que chegaria aqui hoje?

Medina: Outro dia eu tava aqui na Rota 85, e vi um vídeo em que eu apareço. Aí fiquei pensando nisso, olhei para mim na imagem e disse “cara, o que é que você pensava?”. Eu pensava que queria fazer um movimento, havia um momento de transição da ditadura para a democracia na época. Eu acreditava que tinha que mostrar a cara da nossa juventude, a gente viveu 25 anos calado, então isso tava por trás da minha vontade.

E sou apaixonado pelo Rio de Janeiro. O caso do Rio é mais emblemático para mim porque é muito fácil o Estado sair da crise que tá, se fizesse mais vezes isso, se tivesse uma política pública para incentivar médios e pequenos empresários, mas não tem. A vida foi generosa comigo e me permitiu chegar até aqui, mas era bom que não precisasse ser generosa com outras pessoas, porque esse é o negócio do Rio.

Recebemos a notícia de que estamos com 100% dos hotéis lotados, então hotel lotado, restaurantes cheios… A uber parece que vai fazer a maior operação do mundo que ela já fez aqui. É bacana isso tudo estar acontecendo, mostra a pujança da economia quando você tem música, quando você tem alegria, e é isso que a gente tem que vender e exportar. Em relação ao sonho, eu lembro que lá no primeiro festival era tudo importado, hoje é tudo exportado. Isso me orgulha mais, os profissionais brasileiros cresceram e nós somos melhores que eles.

OP: E o que ainda te resta sonhar?

Medina: já estou pensando no que vou fazer no próximo. Nesse, fizemos o Palco Favela. Eu sonho e estou trabalhando pra reunir Federal, Municipal e Estadual para dar título de propriedade para as pessoas da favela. Com título de propriedade, você tem direito a um financiamento. Um financiamento de R$ 9 mil reais com carência de 3 anos muda a vida de uma pessoa.

OP: Para moradia?

Medina: as pessoas que estão morando não têm título, então estou nessa luta. Acho que a gente pode levar essa luz da música para a questão social do Rio de Janeiro. É difícil, é uma burocracia instalada no Brasil enorme, mas enquanto eu puder, eu vou bater tambor.

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