Recomeços e renovação
EspIRITISMO
01:15 | Dez. 31, 2025
"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante tudo vai ser diferente (…)".
A poesia sensível de Drummond diz muito, mas não diz tudo! Sim, é genial a ideia de a cada 12 meses haver um movimento natural de renovação da esperança, no entanto, essa ideia não foi de um "indivíduo"… ela decorre de uma organização inspirada pelo transcendente, pela Força Criadora, pelo Todo, ou seja, por essa inteligência suprema e causa primária de todas as coisas que podemos chamar do que quisermos, inclusive, de Deus.
Em verdade, em cumprimento às suas leis, tudo no universo converge para a renovação, o reajuste, a evolução… Isso pode ser visto no mundo subatômico ou nas galáxias, como também na dinâmica harmônica da natureza e das suas estações.
Por essa razão, dentre as 12 leis divinas destacadas no belíssimo tratado filosófico chamado de "O Livro dos Espíritos", duas tratam desse assunto. A Lei de Destruição que registra: "Necessário é que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque o que chamamos destruição não passa de uma transformação que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos" (q. 728); e a Lei do Progresso, segundo a qual cada criatura de Deus, uma vez criada, embora desenvolva caminho próprio determinado pelo seu próprio livre arbítrio, segue, entre tropeços e equívocos, descobertas e vivências, uma trilha de aprendizado incessante que deriva tanto das dores atraídas pelas más escolhas, quanto da paz sentida após cada passo certo.
Assim, marchamos todos, mais rápido ou mais devagar, com mais ou menos percalços, do seio da ignorância absoluta em direção ao nosso pleno desenvolvimento intelectual e moral. Essa senda evolutiva se conta em ciclos que variam ao infinito, podendo-se destacar o ciclo de cada dia, mês, ano ou década; o ciclo de cada etapa do desenvolvimento do nosso corpo físico; ou ainda, e especialmente, o ciclo de cada existência nesse plano material.
Sim, se a vida é uma só, incontáveis são as existências corporais durante a jornada multimilenar do ser espiritual… À semelhança do que ocorre em cada existência, quando nascemos sem qualquer capacidade de exprimir conhecimento e, aos poucos, atingimos o maior patamar de desenvolvimento que nos é possível, o espírito galga, de encarnação em encarnação, patamares mais elevados de compreensão das leis divinas e do seu papel na execução das mesmas.
Ao fim de cada ciclo cumpre-nos avaliar, replanejar e renovar! A cada novo recomeço, novas forças para seguirmos na busca de nos apropriarmos da nossa divindade (João, 10:34 e, portanto, da nossa capacidade de salgar a Terra e iluminar o mundo (Mt, 5:13 e 14).
Fica, então, o convite: ao fim de 2025, reavalie, replaneje e renove sua esperança, sua força, sua busca; tudo com a intenção de, no ciclo novo, fazer brilhar um tantinho mais a sua luz (Mt, 5:16); essência divina que nos anima, que nos move e que nos molda, ciclo a ciclo, recomeço a recomeço.
Hugo Mendonça exerce a função de promotor de Justiça no Ceará desde 2003 e há 20 anos integra o Grupo Espírita Paz e Bem. É autor do livro infantil "O Pavãozinho e a Rosa".