O recomeço que vem de dentro

fé católica

01:15 | Dez. 31, 2025

Por: Lorena Nunes
Lorena Nunes faz de Fortaleza sua ponte para o mundo (foto: Camila de Almeida/divulgação)

"Quem não pode fazer grande coisa, faça ao menos o que estiver na medida de suas forças; certamente não ficará sem recompensa"

Santo Antônio de Pádua

É o clima da virada do ano: tomam-se abraços, apertos de mão, sorrisos e gritos de alegria. O céu vai tomando cor com os fogos de artifício. Sejam eles das áreas nobres, dos bairros simples ou à beira da praia. Ano novo. Recomeçamos a contagem no calendário e seguimos para uma nova etapa. Mas, afinal, estamos aptos para recomeçar?

O recomeço não se trata de uma manifestação instantânea ou de movimentos de empolgação. Dias atrás, iniciamos um ciclo de preparação — o Advento, vivenciado em quatro semanas, para receber o Menino Deus em nosso meio. Recomeçamos um tempo de nossa liturgia. Eis aqui um exemplo para esse conceito: "O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós", como nos fala o Evangelho escrito por São João (Jo 1,14), sendo uma demonstração clara do novo tempo que Deus concedeu ao seu povo.

O recomeço parte de uma experiência íntima, oriunda do coração. Consultamos nossa maturidade e somos guiados pela coragem a assumir novos pontos para nossa trajetória nesta caminhada terrena. É no silêncio que nasce nosso recomeço.

Vivemos um tempo barulhento e competitivo. Tanta correria. O silêncio, às vezes, é visto como ultrapassado ou sem graça. Engana-se quem pensa assim. Com ele, e longe de algumas distrações, refletimos sobre o que deve ser reparado e reconstruído. Em cada recomeço, há um aprendizado e, junto dele, o discernimento — nele, a clareza de escolher um passo e segui-lo.

Fechar ciclos e dar novos passos não costumam ser tarefas fáceis. Exigem muito de nós.

Cristo vem, veio e virá. Em cada etapa, Ele nos ensina muito. Nosso encontro com Ele não precisa de espetáculos. Basta uma abertura sincera ao processo de conversão; pode doer um pouco, mas a cura é profunda. Nesse contexto, lembramos dos 12 discípulos chamados por Nosso Senhor e a quem foi confiada uma missão. Que recomeço para eles! Deixaram tudo e seguiram o Mestre. Eles não tinham ideia do que viria pela frente. Não conheciam o caminho e tiveram medo. Apenas confiaram. O recomeço não trouxe conforto, mas exigiu muito deles.

São nas atitudes cotidianas que Deus nos chama.Que possamos usar esses exemplos para os nossos recomeços. Não é apenas o ano ou a folha do calendário que deve mudar. O nosso recomeço é agora! De dentro para fora, nosso recomeço parte do perdão, do acolher o outro e de desejar coisas boas somadas a um abraço. Ora, já não fazemos isso quando o ano vira? Que tal fazer nos dias restantes? Eis aí um bom recomeço. Unimo-nos a Cristo, afinal, se estamos com Ele somos novas criaturas, já nos afirmou São Paulo em suas cartas. Também vivamos do que São João ouviu e citou: "Eis que faço novas todas as coisas" (Ap 21,5).

Um novo tempo está por vir. Sejamos abertos ao recomeço. Que o novo ano nos permita recomeçar aquilo que seja necessário e, sobretudo, possamos renovar nossa fé, nossas relações e nossa missão.

Que nosso recomeço seja iluminado aos passos de São Francisco, São Paulo, Santa Teresinha, e tanto outros santos — nossos amigos no céu que nos levam a Jesus.

Que, assim como eles, deixemos nossa marca no mundo.

Deus nos ajude e nos conduza!


Francisco Victor, 30 anos, comunicador e leigo católico. Paroquiano de São Gerardo Majella. Em 2025, fui um dos seminaristas do Seminário Propedêutico Dom Aloísio Lorscheider, da Arquidiocese de Fortaleza.