Testamos: Samsung Crystal UHD leva você ao mundo 4K custando pouco

Linha CU7700 vai de 43 a 75" e é mais que suficiente para público geral; TV da Samsung promete substituir TV a cabo e videogame custando menos de R$ 1.800

19:24 | Mar. 14, 2024

Por: Bemfica de Oliva
É possível usar a TV Crystal UHD CU7700, da Samsung, como monitor - mas recomendo uma distância maior da tela em comparação ao meu setup (foto: Bemfica de Oliva)

O quão comum é alguém trocar de televisor sem que a anterior tenha quebrado? Na divisa entre eletrônico e eletrodoméstico, smart TVs oferecem funções avançadas, mas não precisam ser renovadas com frequência.

A minha atual, por exemplo, tem cerca de dez anos. O tempo traz limitações, claro. Aplicativos desatualizados foram resolvidos com Fire Stick Lite. A qualidade de imagem abaixo da de modelos atuais, porém, não tem muita solução.

Mas uma década é bastante tempo. Se sua situação for similar, você talvez esteja considerando uma compra.

Quando a Samsung me mandou a Crystal UHD para testes, pontuou que o modelo seria "a grande estrela" da marca para o período de promoções - Black Friday e compras de Natal. Passei cerca de um mês com o modelo CU7700 de 55" e conto abaixo tudo o que descobri. Confira!

Sobre este review: a Samsung me enviou a Crystal UHD por empréstimo em 22 de setembro de 2023. O televisor foi devolvido após os testes, e a fabricante não teve influência no conteúdo deste texto.

Parâmetros de comparação: minha televisão atual é uma 42LF5850, de 42", da LG.

Samsung Crystal UHD CU7700: especificações e disponibilidade

  • Tela: Ultra HD (3.840 x 2.160 pixels, proporção 16:9), 60 Hz, LCD, HDR10+
  • Tamanhos: 43", 50", 55", 58", 65", 70", 75"
  • Conexões: Wi-Fi 5, Bluetooth 5.2 (sem fio); 3x HDMI 2.1, 1x USB, 1x Ethernet, 1x áudio óptico (cabeado)
  • Processador: Crystal 4K
  • Acabamento: tela fosca, corpo em plástico

No momento em que este review era escrito, a CU7700 de 43" podia ser comprada por R$ 1.799 à vista ou R$ 1.940 a prazo no varejo online. A versão testada, de 55", sai por R$ 2.300 à vista ou R$ 2.500 a prazo.

Controle da Crystal UHD CU7700 carrega com luz

Uma caixa de TV não costuma trazer muito conteúdo: espera-se o televisor em si, cabo de energia e controle remoto. Com sorte, o acessório terá pilhas.

A CU7700 pula esta última parte. Todas as TVs da Samsung em 2023 trazem controle com bateria interna. Ele é carregado pela porta USB-C ou por iluminação - solar ou artificial.

A embalagem é de papelão comum, com isopor segurando TV e acessórios. Duas tiras de plástico fino seguram a película que protege a tela.

Qualidade de imagem: Crystal UHD CU7700 entrega 4K "no preço"

A CU7700 não promete qualidade de imagem inigualável — a TV que fizer isto nesta faixa de preço estará mentindo. O painel é satisfatório, sem surpresas nem decepções.

Com a tela totalmente preta, nota-se um leve desvio para o roxo - a foto abaixo faz parecer pior do que é. Em uso regular, porém, a qualidade satisfaz para qualquer conteúdo.

O painel tem suporte a HDR10+. Mas, sendo LCD, o baixo contraste torna a diferença menos impactante que, por exemplo, em uma tela Oled.

Configuração inicial da CU7700 é fácil - mais ainda pelo celular

TVs antigas eram simples: bastava ligar e assistir. Smart TVs requerem configuração inicial: senha da Wi-Fi, login nos streamings etc. É horrível fazer isso pelo controle remoto

O processo pode ou não ser diferente na Crystal UHD. Smartphones Samsung com o aplicativo Smart Things agilizam a configuração.

Tentei ambas as formas. O Smart Things não é perfeito — não entra automaticamente nos streamings que já estão no celular, por exemplo. Mas agiliza muito o processo.

Crystal UHD promete ser TV "3 em 1" para substituir TV a cabo e videogame

Alexandre Gleb, gerente de produto para TV da Samsung Brasil, me pontuou em entrevista que a linha CU7700 pretende ser "a primeira 4K" do consumidor. A resolução por si só é um bom argumento de vendas, mas a fabricante traz ainda outros, agrupados sob o mote de "TV 3 em 1". Abaixo, falo um pouco sobre cada aspecto.

Smart TV

Já mencionei brevemente este ponto. Há aplicativos dos principais serviços de streaming, sites de notícias, redes sociais etc. Neste aspecto, o Tizen OS, usado em televisões da Samsung, não difere muito de outros sistemas.

Há o Workspace, uma função pouco comum. Neste modo, pode-se usar a TV como ferramenta de trabalho, bastando conectar teclado e mouse Bluetooth. Também é possível abrir seu computador (com Windows ou macOS) neste menu, por acesso remoto (acessar, de casa, o computador do escritório, por exemplo) ou como monitor sem fio.

Testei os dois modos em um computador com macOS, e o monitor sem fio no Windows. Se você não precisa de nada complexo, quebra um galho. A resolução é limitada a Full HD.

O Workspace traz ainda o Microsoft 365 Online, versão online (e grátis) do pacote Office. A promessa é usar a TV para trabalho sem precisar sequer de computador.

No entanto, a operação é lenta e com falhas. O menu simplesmente abre uma aba do (lento) navegador página do Microsoft 365. Um aplicativo dedicado funcionaria melhor.

Para usar a CU7700 profissionalmente, minha recomendação é: ligue-a a um computador. Não precisa fazer como eu e colocar a TV na mesa de trabalho. Como mostra a foto que abre este texto, fica um pouco desproporcional. Mas, aos maníacos por produtividade, deixo a dica: divida a tela em quatro.

Samsung Gaming Hub

Este é um dos maiores argumentos da Samsung para vender a linha Crystal UHD. Por menos de R$ 1.800 (sem contar as mensalidades), é possível levar uma televisão com um videogame dentro.

O Gaming Hub concentra os principais serviços de streaming de jogos: GeForce NOW, Amazon Luna, Blacknut, Antstream e XBox Cloud Gaming, exclusivo para TVs Samsung. É possível sincronizar o save em jogos que estejam também nas lojas EA Play, Steam e Epic Games Store.

Alexandre Gleb, da Samsung, contou que o stand da fabricante na Brasil Game Show (BGS) deste ano tinha um televisor rodando o XBox Cloud Gaming. Visitantes - inclusive jornalistas especializados - convidados a experimentar, diz ele, em sua maioria não notaram se tratar de um streaming, e não um console ou computador.

A maior barreira, aqui, é o controle. A maioria dos serviços roda apenas com joysticks. Quem prefere jogar com mouse e teclado, como eu, terá poucas opções.

Ainda assim, consegui conectar ao GeForce NOW e disputar algumas partidas de Fortnite. O jogo realmente roda sem travamentos em 99% do tempo. A qualidade de imagem é reduzida para compensar quedas na conexão, mas em termos de responsividade, a experiência foi virtualmente igual a jogar em um computador físico.

Mas há uma questão: minha internet residencial é de 400 Mbps. A média brasileira é de 47,38 Mbps. Quem busca uma televisão de entrada pode ter conexão ainda mais lenta. Sobre o assunto, Gleb foi categórico: "se roda um streaming de filmes, roda um streaming de games".

Um notebook gamer de entrada não sai por menos de R$ 3 mil, em promoção, e consoles modernos custam isso ou mais. Pagar R$ 1.800 na televisão, mais R$ 45 por mês (valor do XBox Game Pass), para uma experiência quase idêntica, realmente me parece um argumento sólido.

Samsung TV Plus é "TV a cabo pela internet" e gratuita

Se for difícil convencer o resto da família a contratar uma internet mais rápida, talvez o último argumento ajude. Para quem não quer ou não pode pagar diversos streamings, ou prefere a facilidade de uma programação fixa, a Samsung oferece o TV Plus, com dezenas de canais - grátis - pela internet.

Pelos breves testes que fiz, de fato há bastante conteúdo. E não é limitado a produções desconhecidas: há filmes, séries, animações e até novelas (estrangeiras) de estúdios grandes e pequenos no serviço.

Navegar no Samsung TV Plus é similar ao guia de programação de qualquer TV por assinatura. O menu, por categorias, lista os canais disponíveis para cada tipo de conteúdo, com nome e sinopse do programa atual e dos seguintes.

Conclusão: Samsung Crystal UHD é boa? Quais as alternativas?

No lançamento, havia poucos concorrentes na mesma faixa de preço da CU7700. Isto mudou desde então. Muitos deles, porém, têm telas Full HD - ou pior, HD. Inadmissível que existam televisores com resolução 1.366x768 em qualquer faixa de preço, em 2023, mas existem. E custando o mesmo preço que a CU7700.

Entre as mais razoáveis - leia-se, com resolução 4K - está a linha UR, da LG. Há dois modelos: UR7800, com 43", e UR7950 (50, 55 e 65"). Os preços são similares: a versão menor custa R$ 1.899, a de 65" chega a R$ 3.300 (contra R$ 3.250 da CU7700). A LG usa o WebOS em suas televisões, mais fluido que o Tizen da Samsung, mas com menos funcionalidades.

Na Philips, a série 7408 tem 43", 50", 55", 65" e 75". O preço inicial é similar: R$ 1.689. A fabricante usa o Google TV, que tem integração com smartphones Android de qualquer fabricante. Os aplicativos costumam ser menos otimizados que os de LG e Samsung.

Por fim, a Philco, que aposta no sistema operacional Roku para suas TVs - são quatro sistemas operacionais em quatro fabricantes. O modelo mais recente de 43", PTV43G7ER2CPBL, sai por R$ 1.785 no varejo online. Há também versões de 50, 55 e 58", com preços até R$ 3 mil na linha de entrada.

Há ainda inúmeros competidores de outras marcas - algumas famosas no segmento de eletrônicos de entrada, outras desconhecidas. Não recomendo a compra de nenhuma delas, sob o perigo considerável de terminar com um televisor sem atualizações. Smart TVs são basicamente computadores especializados. Um sistema desatualizado é um risco de segurança para todos os seus eletrônicos.

Por fim, minha aposta segue com a Samsung. A CU7700 é versátil e confiável. Certamente, há defeitos: a qualidade de imagem não é excepcional, e o Tizen OS é lento de causar incômodo durante a operação (mas não sofre para exibir vídeos).

Mas há compensações, também, e não são poucas - embora as plataformas de jogos em nuvem estejam disponíveis em outros sistemas, o TV Plus pode economizar R$ 200 ou mais em assinaturas de serviços de streaming e TV a cabo, e é exclusividade da Samsung.

Para fechar o texto, volto ao ponto inicial: é possível passar uma década ou mais com um televisor, caso ela não apresente problemas (ou sejam problemas consertáveis). Daqui a dez anos, não tenho como dizer qual fabricante terá a melhor TV de entrada. Em 2023, porém, é a Samsung, com a Crystal UHD.