Ceará registra quase 1.800 falhas na assistência à saúde de crianças

Só no Brasil, mais de 47 mil ocorrências envolveram crianças de até 11 anos

14:42 | Dez. 22, 2025

Por: Rafael Santana
Foto de apoio ilustrativo (foto: Mauri Melo/O POVO)

No sistema de saúde brasileiro, falhas e erros técnicos ainda são uma realidade, indo de questões de administração de medicamentos até procedimentos cirúrgicos. Este ano, entre janeiro e 14 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) notificou 459.746 eventos adversos e falhas desse tipo em serviços públicos e privados.

Desse total, 47.853 ocorrências envolveram crianças de 0 a 11 anos. No Ceará, foram contabilizadas 1.794 falhas decorrentes de diversos fatores.

Para Priscila Amaral, pediatra e membro da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp), é fundamental uma comunicação efetiva não apenas entre os profissionais de saúde, mas também com o próprio paciente e seus familiares.

Muitas vezes, por ser criança, o paciente não é trazido para o centro do cuidado e sua voz não é ouvida. É importante darmos mais atenção aos pacientes, estimulando que se manifestem e normalizando o fato de questionarem doses e medicamentos em prol da sua própria segurança”, afirma.

A especialista lembra que os impactos dessas falhas são avaliados pelo Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) das organizações de saúde. A análise do núcleo é crucial, pois determina o grau de dano causado ao paciente, que pode ser classificado como leve, moderado, grave ou até mesmo catastrófico.

“Além dos danos causados diretamente ao paciente, outro fator importante — especialmente na pediatria — é a quebra de confiança da família tanto no profissional quanto na instituição. Isso gera prejuízos ao tratamento e o rompimento do vínculo de segurança”, comenta.

Quanto às estratégias para mudar essa realidade, a integrante da Sobrasp destaca a atuação dos NSPs, órgãos responsáveis por analisar incidentes e propor planos de ação para evitar a reincidência dos problemas.

“Instrumentamos profissionais de saúde e trabalhamos fomentando a cultura de segurança no País. Por meio de iniciativas como essa, conseguimos disseminar a mensagem da segurança do paciente para a população em geral. O objetivo é que as pessoas se familiarizem com esses termos e possam reivindicar, para si e seus familiares, um cuidado com qualidade e cada vez mais seguro”, conclui.