Novo CID? Vício de adolescentes em redes sociais pode se tornar transtorno mental

De acordo com os proponentes, a intenção é que a condição possa também fazer parte da Classificação Internacional de Doenças (CID), da OMS

06:15 | Mai. 07, 2025

Por: Esaú Souza
Uso exagerado das redes sociais pode afetar a saúde mental (foto: MMD Creative/Shutterstock)

Um grupo de cientistas está propondo que a relação nociva de alguns adolescentes com as redes sociais e a internet seja categorizada, de maneira oficial, como um transtorno mental.

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A ideia ganhou destaque nesta semana com a revista científica JAMA, da Associação Médica Americana, que divulgou um artigo sugerindo critérios para determinar o que é o consumo exagerado de mídia sociais e quando tal ato se torna um distúrbio médico.

Em caso de aceitação da proposta, ela poderia integrar o manual de estatísticas e diagnósticos da psiquiatria, o DSM, que influencia políticas públicas no mundo todo.

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Segundo os proponentes, a intenção é que a condição possa também fazer parte da Classificação Internacional de Doenças (CID), feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Redes sociais e adolescentes: estudos comentam sobre o tema

O trabalho foi baseado em um estudo feito com adolescentes pela Universidade de Stony Brook, em Nova York, liderado pela sanitarista Lauren Hale. A profissional buscou avaliar o quanto o tempo excessivo de tela estava afetando a vida dos voluntários.

“A redução do uso de telas teve um efeito geral positivo nas dificuldades comportamentais de crianças e adolescentes. Os benefícios mais notáveis associados à redução do uso de telas foram a diminuição da internalização de problemas comportamentais e o aumento das interações sociais positivas”, escreveu Hale nos resultados de sua análise.

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“Pesquisas futuras devem explorar os potenciais efeitos diferenciais dos vários tipos de uso de mídias de tela e analisar mais profundamente se a participação coletiva da família em tais intervenções é um componente essencial para os benefícios observados. Além disso, mais pesquisas são necessárias para confirmar se esses efeitos são sustentáveis a longo prazo”, completou a sanitarista.

Já o pediatra Dimitri Christakis, da Universidade de Washington, elaborou uma escala para avaliar a relação patológica de adolescentes com as redes, considerando o tempo gasto nesses aplicativos.