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Cientistas sugerem mudanças na definição do câncer

A criação de novas nomenclaturas para os diversos tipos de tumores pode evitar tratamentos agressivos e desnecessários

12:54 | 31/07/2013

Quando identificado precocemente, a chance de cura de pacientes com câncer aumenta substancialmente. Nos últimos trinta anos, novas técnicas para a detecção da doença levaram a um aumento substancial do número de diagnósticos precoces não só de tumores em estágio inicial, mas também de lesões pré-malignas, que não são cânceres, mas ainda podem vir a ser. Tais lesões são, comumente, enfrentadas como se fossem tumores malignos, mesmo quando de crescimento lento e baixo risco. O resultado disso é que muitos pacientes passam por tratamentos pesados para uma doença que poderiam nunca desenvolver.

Um grupo de pesquisadores americanos publicou, na última segunda-feira, 29, artigo que propõe atualização da própria definição do que é e não é câncer. Segundo o estudo divulgado na revista Journal of the American Medical Association , o avanço no conhecimento da biologia e do desenvolvimento dos vários tipos de câncer possibilitaria uma mudança no modo como os diversos casos são encarados pelos médicos.

[SAIBAMAIS 1]“Hoje, reconhecemos que o câncer não é uma doença, mas um grande número de doenças diferentes. Temos que individualizar o tratamento baseados na biologia do tumor, evitando o tratamento desnecessário”, diz Laura J. Esserman, pesquisadora da Universidade da Califórnia e uma das autoras do artigo. Segundo os pesquisadores, os tratamentos desnecessários costumam acontecer, principalmente, nos casos de cânceres de mama, pulmão, próstata, tireoide e melanoma

Para eles, a palavra câncer invoca a ideia de um processo comum a todos os tipos da doença e que leva inevitavelmente à morte. Mesmo o entendimento da biologia do câncer tenha mudado dramaticamente, a percepção por parte do público e entre muitos médicos ainda não mudou. “Ele ainda é percebido como um diagnóstico com consequências fatais, caso não seja tratado”, diz Esserman.
Há muitos tipos de câncer, e alguns tumores podem ficar inertes durante toda a vida do paciente. Assim, os pesquisadores sugerem que esse tipo de tumor tenha outro nome: lesão indolente de origem epitelial (IDLE, na sigla em inglês).

Reunião
As recomendações foram elaboradas por um grupo de três especialistas formado após reuniões do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, segundo informações da revista Veja. O objetivo era traçar uma estratégia para melhorar as abordagens atuais de diagnóstico.

Uma das sugestões do cientistas é reconhecer que os exames realizados hoje em dia vão detectar tanto cânceres graves quanto os indolentes e elaborar, de modo interdisciplinar, um critério para reclassificar as condições da doença.

De acordo com Esserman, a chave seria melhorar as técnicas de diagnóstico existentes, identificando apenas os tumores que mereçam atenção médica. “Devemos individualizar os exames, focando os casos que podem levar a doenças agressivas e à morte”, completa.

Nos consultórios, as soluções elaboradas pelos especialistas ainda passam longe, pois na maioria das vezes, os médicos não têm como saber se um câncer vai se desenvolver ou não, e, com a vida do paciente ameaçada, adotam a estratégia de combater os tumores que surgem.

Por enquanto, a pesquisa serve como um indicador do que deve acontecer com os tratamentos do câncer nos próximos anos.

Redação O POVO Online

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