DPU avalia federalização das investigações sobre operação no Rio

Defensoria Pública da União solicitou perícia independente em mortes de operação no Rio

22:45 | Nov. 07, 2025

Por: Mariana Lopes
Moradores ao lado de corpos enfileirados em frente a um caminhão-guincho na Praça São Lucas, na favela Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Rio de Janeiro, em 29 de outubro de 2025 (foto: Pablo Porciúncula / AFP)

A Defensoria Pública da União (DPU) avalia a possibilidade de uma federalização de investigações relacionadas à megaoperação que aconteceu no Rio de Janeiro, resultando em, pelo menos, 121 mortes no final de outubro.

Segundo o defensor público-geral, Leonardo Magalhães, foi solicitada ao Supremo Tribunal Federal (STF) a designação de uma perícia independente para acompanhar as investigações e perícias.

"Vamos avaliar a possibilidade de uma federalização do tema da megaoperação que aconteceu no Rio de Janeiro. Para nós, é bastante preocupante. A ADPF635 define alguns critérios de redução de letalidade, de uso proporcional da força", disse Magalhães.

O defensor participou, nesta sexta-feira, 7, do IV Congresso do Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde (Fonajus – CNJ), realizado no Centro de Eventos do Ceará. Ao O POVO ele destacou que irá acompanhar o plano homologado pelo Supremo na ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas.

Após a realização da operação, a defensorias da União e do Rio de Janeiro, o Conselho Nacional do Ministério Público, e o próprio Supremo passaram a apurar se as balizas definidas durante o julgamento foram cumpridas. Ao STF, o Governo do Rio de Janeiro defendeu a operação. 

 

“A Defensoria Pública da União vai acompanhar e trabalhar para haver, claro, a investigação independente, se for o caso, a responsabilização daqueles que excederam no uso da força, mas reconhecendo que o direito à segurança pública é o direito de todos nós”, afirmou.

Na quinta-feira, 30 de outubro, a DPU pediu ao ministro do Supremo Alexandre de Moraes, relator temporário da ação, autorização para acompanhar a perícia dos corpos dos mortos na Operação Contenção, realizada pelas polícias do Rio de Janeiro.

Na petição, a DPU sustentou que o acompanhamento das perícias era necessário para garantir a preservação da investigação e responsabilizar o Estado, se forem constatadas irregularidades.

“A adequada produção probatória pericial, com acompanhamento técnico independente, mostra-se essencial para a correta distribuição do ônus probatório e para a efetiva responsabilização estatal, quando cabível”, justificou o órgão.

O balanço oficial da operação no estado carioca aponta que a ação deixou 121 pessoas mortas, sendo dois policiais civis e dois militares. Nomes, fotos e idades dos civis foram divulgados em uma lista da Polícia Civil, que também continha anotações criminais e postagens nas redes sociais usadas pela polícia como indicadores de que os mortos tinham ligação com facções.

Castro afirmou no documento enviado ao Supremo que os confrontos entre policiais e criminosos foram concentrados na região de mata para evitar tiroteios nas proximidades de áreas edificadas e resguardar a integridades dos moradores.

A gestão alegou que houve o uso proporcional no nível de força adotado pelas equipes policiais. "Mostrou-se compatível com as ameaças letais enfrentadas e limitou-se à dotação institucional padrão: fuzis semiautomáticos de uso policial, pistolas semiautomáticas, armas de menor letalidade quando aplicáveis e viaturas blindadas destinadas à proteção e à mobilidade tática", apontou o governo.