Assista ao vivo à Assembleia Geral da ONU, com discursos de Lula e Trump

É possível que ambos se encontrem nos bastidores entre um discurso e outro, mas não há nada programado. Não há pedidos de reunião bilateral

13:45 | Set. 22, 2025

Por: Política O POVO
Lula ao discursar na sede da ONU, em Nova York, em 2024 (foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

A 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas ocorre nesta semana em Nova York. Nesta terça-feira, 23 de setembro (23/09), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será o primeiro presidente de Estado-membro a discursar, na abertura do debate geral. É tradição desde 1955 que o Brasil faça o discurso de abertura. O discurso seguinte é do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na condição de país anfitrião.

Assista ao vivo:

O primeiro discurso será do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Em seguida, falará a presidente da 80ª Assembleia Geral, Annalena Baerbock. Lula participará em seguida. Depois será a vez de Trump.

É possível que ambos se encontrem nos bastidores entre um discurso e outro, mas não há nada programado. Não há pedidos de reunião bilateral, que poderiam ser interpretados como humilhação ao Brasil.

 

Crise entre Brasil e EUA

Os mais experientes ex-embaixadores brasileiros em Washington classificaram o atual momento como o pior em 200 anos de relações diplomáticas. Ameaças de novas punições ao Brasil em virtude do apoio de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro tendem a piorar a crise.

Lula chegou a Nova York no domingo, 21, acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e por outros ministros e especialistas que integram a comitiva.

É a primeira viagem oficial de Lula aos EUA desde a posse de Trump, em janeiro, que marcou o início da crise atual entre o Palácio do Planalto e a Casa Branca, uma das mais graves desde que os dois países estabeleceram relações diplomáticas, no século XIX.

Será a primeira vez que o petista estará no mesmo ambiente que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde que o Republicano voltou à Casa Branca neste ano. O atual governo americano impôs tarifas comerciais de 50% a parte dos produtos brasileiros exportados para os EUA e tem ameaçado com mais sanções por conta da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.

Lula deve aproveitar a audiência global da ONU para dar um recado a Trump no discurso. A ideia é defender a soberania, democracia e multilateralismo.

O tom a ser usado pelo brasileiro deve ser, contudo, mais ameno do que aquele adotado em um palanque eleitoral, evitando ataques diretos ao chefe da Casa Branca. Apesar da atual crise entre os dois países. Lula deve defender o reconhecimento do Estado da Palestina, tema recorrente em seus discursos desde o início do conflito na Faixa de Gaza. Também deverá reiterar a necessidade de uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia, posicionamento que mantém desde o início do mandato.

Além de apresentar prioridades da política externa brasileira, o presidente deve participar de encontros que discutem desde o cenário na Palestina até a crise climática, em preparação para a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30), que ocorre em Belém em novembro.

Ucrânia

O governo brasileiro tem interesse em uma reunião bilateral de Lula com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Há alguns entraves principais para que a reunião aconteça, apesar de fontes do governo brasileiro dizerem que o interesse na reunião é mútuo — tanto por parte da Ucrânia, que fez o pedido, quanto por parte do Brasil.

O primeiro deles é que Zelensky, por motivos de segurança, compartilha poucos detalhes sobre sua agenda, o que dificulta essa definição. 

Palestina

Durante a viagem a Nova York, Lula participa, na segunda-feira, 22, da segunda sessão da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada pela França e pela Arábia Saudita.

Segundo o Itamaraty, o governo brasileiro espera que o momento sirva de oportunidade para que mais países reconheçam a Palestina como Estado – além do Brasil, outras 147 nações já reconhecem a Palestina. Países como França, Reino Unido, Canadá e Portugal manifestaram interesse em fazer o mesmo durante o encontro da ONU.

Democracia

Na quarta-feira, 24, o presidente participa da segunda edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, acompanhado de representantes de cerca de 30 países. Além do Brasil, lideram a iniciativa os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez.

De acordo com o Itamaraty, a iniciativa pretende avançar em uma diplomacia ativa, que promova a cooperação internacional contra a deterioração das instituições, a desinformação, o discurso de ódio e a desigualdade social. O primeiro encontro sobre democracia ocorreu no Chile, em julho, quando foi publicada uma declaração conjunta.

Crise climática

Também no dia 24, um evento sobre crise climática será copresidido pelo Brasil e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. O encontro deve incluir a apresentação de novas contribuições nacionalmente determinadas (NDC, na sigla em inglês).

O presidente ainda participa, em Nova York, de evento organizado pelo Brasil para ampliar o apoio à construção do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a ser lançado em Belém com o objetivo de financiar a preservação de florestas. Outra agenda é o encontro promovido pelo Centro Global de Adaptação para discutir mecanismos de adaptação à mudança climática.

A delegação brasileira também deve participar, a partir do dia 22 de setembro, da Semana do Clima de Nova York 2025. O encontro, que promove cerca de 500 eventos com lideranças de governos e da sociedade civil do planeta, ocorre desde 2009 de forma simultânea à Assembleia Geral da ONU e serve como evento preparatório à COP30.

Com Agência Estado e Agência Brasil