Homem xinga e cospe em filha de ministro do STF em universidade no Paraná
Marido de Melina Fachin denunciou episódio como "agressão covarde" e vinculou ataque ao discurso de ódio da extrema direita
10:19 | Set. 15, 2025
A professora e diretora do setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Melina Fachin, foi alvo de agressões verbais e de uma cusparada dentro do campus da instituição, em Curitiba. Filha do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, ela foi chamada de "lixo comunista" por um homem enquanto deixava a Faculdade de Direito, na última sexta-feira, 12.
Melina não se pronunciou sobre o caso até o momento. O marido dela, o advogado Marcos Gonçalves, relatou o ocorrido em nota divulgada nas redes sociais, classificando o episódio como uma "agressão covarde". Segundo ele, um homem branco, que não se identificou, se aproximou da professora e a insultou, ao mesmo tempo em que cuspiu em sua direção.
"Essa violência é fruto da irresponsabilidade e da vilania de todos aqueles que se alinharam ao discurso de ódio, propagado desde o esgoto do radicalismo de extrema direita, que pretende eliminar tudo o que lhe é distinto", escreveu Gonçalves.
O agressor não foi identificado. O advogado também relacionou o ataque a um episódio de tensão ocorrido dias antes, quando estudantes bloquearam o acesso ao prédio da Faculdade de Direito da UFPR, em protesto contra o evento "Como o STF tem alterado a interpretação constitucional?". O painel, organizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), coincidia com o julgamento da Corte sobre a tentativa de golpe em 2022. O encontro acabou cancelado, mas o vereador Guilherme Kilter (Novo-PR) e o advogado Jeffrey Chiquini teriam tentado forçar a entrada no local.
Gonçalves acusou os organizadores do evento de "provocação, tumulto e desrespeito às instituições" e disse ter havido violência policial contra os estudantes. Em sua mensagem, também fez um alerta: "Se algo além acontecer com a Professora Melina ou com alguém da nossa família, vocês não serão apenas os responsáveis, vocês receberão o mesmo jugo".
Reações
O episódio gerou manifestações de solidariedade a Melina Fachin. O Centro de Estudos da Constituição da UFPR divulgou nota em que repudia a agressão:
"A professora Melina foi alvo de violência física e verbal em uma clara tentativa de intimidação, por ato covarde que atinge os valores de liberdade e democracia que sustentam a universidade pública e o espaço coletivo. Não se trata de um episódio isolado: é um sintoma grave da intolerância e do autoritarismo que ameaçam transformar o espaço universitário e democrático em palco de violência e silenciamento".
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O Projeto das Promotoras Legais Populares de Curitiba e Região Metropolitana e o Grupo de Pesquisa em Direito Constitucional da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) também se manifestaram, destacando a atuação de Melina em defesa dos direitos humanos.