Dinheiro na cueca e compra de votos: entenda a operação da PF contra presidente da CBF e deputada
A Operação Caixa Preta tem o objetivo de investigar a suspeita da prática de crimes eleitorais em Roraima nas eleições municipais de 2024
10:38 | Jul. 30, 2025
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, a deputada federal, Helena da Asatur (MDB-RR), e o marido dela, o empresário Renildo Lima, foram alvos de busca e apreensão numa operação da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 30.
A Operação Caixa Preta tem como objetivo investigar a suspeita da prática de crimes eleitorais, como compra de votos, em Roraima, nas eleições municipais de 2024.
A investigação foi iniciada após a apreensão de R$ 500 mil, em setembro de 2024, às vésperas das eleições, em Boa Vista. Na ocasião, Renildo Lima foi preso com o valor supracitado e tentou esconder parte do montante na cueca.
Ao todo, estão sendo cumpridos dez mandados de busca e apreensão nos estados de Roraima e Rio de Janeiro. Também foi realizado o bloqueio judicial de mais de R$ 10 milhões nas contas dos investigados.
Conforme o G1 Roraima, agentes da PF estiveram na casa de Xaud e também na sede da CBF, no Rio de Janeiro. A CBF confirmou, por meio de nota, que recebeu os policiais federais em sua sede nesta quarta.
A organização destacou, ainda, no comunicado oficial que "é importante ressaltar que a operação não tem qualquer relação com a CBF ou futebol brasileiro e que o presidente não é o centro das apurações".
Samir e Helena são do mesmo grupo político
Samir Xaud, eleito presidente da CBF em maio deste ano, e Helena da Asatur, são do mesmo partido, o MDB, e do mesmo grupo político em Roraima. O atual presidente da CBF chegou a ser candidato à deputado federal pelo partido em 2022, mas não foi eleito.
Maria Helena Lima é de Tocantins e está no primeiro mandato. No pleito de 2022 foi eleita com 15.848 votos, sendo a segunda mais votada e única mulher de Roraima na Câmara dos Deputados.
Ela é também uma das principais empresárias do ramo de transportes em Roraima. A parlamentar declarou R$ 10 milhões em bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2022.
Dinheiro na cueca
Na corrida eleitoral de 2024, em setembro, uma denúncia por compra de votos foi o ponto de partida para a investigação. Na época, Renildo Lima foi detido, junto de outras cinco pessoas, incluindo dois policiais militares, após sacar um quantia em uma agência bancária localizada na capital de Roraima.
Os policiais, que estavam de folga, atuavam na segurança do empresário. A Polícia Militar de Roraima chegou a abrir uma sindicância para apurar a conduta dos agentes.
No momento da prisão, Renildo escondeu parte dos R$ 500 mil apreendidos pela polícia dentro da cueca. À época, sua esposa e deputada federal, Helena saiu em defesa do marido por meio das redes sociais e afirmou que ela ele estava movimentando o dinheiro das suas próprias empresas e que não haveria relação com um esquema de compra de votos. O empresário é dono da empresa de transporte intermunicipal Asatur e da companhia de táxi aéreo Voare.
"Acreditar que movimentar o próprio dinheiro é sinônimo de compra de votos é pura ignorância. Agora, devemos fechar as empresas em período eleitoral? Só o que faltava", compartilhou a deputada, na época. Os suspeitos foram presos em flagrante logo após realizarem o saque no banco. Eles estavam divididos em dois carros, conforme a PF.