Ataques a ônibus em São Paulo somam mais de 500 casos; servidor foi preso
Preso preventivamente, motorista concursado da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), há 30 anos, é apontado como autor de pelo menos 17 ataques
16:38 | Jul. 24, 2025
São Paulo registrou inúmeros ataques a ônibus nos últimos dias. Algumas possíveis motivações foram levantadas, mas as investigações estão em andamento e ainda não há conclusões. Na terça-feira, 22, um suspeito foi preso e é apontado como autor de pelo menos 17 ataques aos ônibus.
A prisão do suspeito pode ser peça fundamental para entender a motivação dos ataques. Na capital paulista, o número de ônibus atingidos ultrapassa as 500 unidades, segundo contagem da SPTrans, empresa responsável pelo serviço. Entretanto, a polícia não confirma os dados, de acordo com a Folha.
Segundo a SPTrans, os dados sobre os atos criminosos contra os transportes começaram a ser contabilizados em 12 de junho, quando os ataques iniciaram por meio de apedrejamentos e vandalismo.
Após a alta intensidade nos ataques, fases da “Operação Impacto”, da Polícia Militar, foram instauradas para garantir maior segurança de passageiros e motoristas, além de monitorar corredores, terminais e garagens de ônibus.
Investigação
Em coletiva realizada na terça-feira, 22, o secretário-executivo de Segurança Pública do estado, Osvaldo Nico, afirmou que um dos suspeitos presos, Edson Aparecido Campolongo, contou que a motivação para os atos seria “consertar o Brasil”.
O próprio secretário disse não acreditar nessa versão da história. “Acredito que ele arregimenta outras pessoas para realizar os ataques, mas ainda estamos no início da investigação”, afirmou.
Campolongo alegou motivações políticas. Em suas redes sociais, ele fez publicações criticando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele comentou, ainda, que não é filiado a partidos ou a organizações políticas, além de falar sobre estar arrependido de ter realizado os atos criminosos.
No interrogatório, ele teria afirmado que a intenção seria se mobilizar para mudar o país, segundo o delegado Júlio César de Almeida Teixeira, responsável pela investigação que é conduzida pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Bernardo do Campo.
Outra linha não descartada nas investigações é a possibilidade de os atos terem motivação na disputa entre empresas sindicais que possam estar insatisfeitas com mudanças em contratos de transportes.
Foi levantada também uma suposta participação da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) como uma das possibilidades discutidas pelos órgãos de segurança no estado.
Em outra linha de apuração, a polícia avalia se desafios da internet podem ter motivado os ataques. Esses desafios, com origens nas redes sociais, poderiam ter incitado pessoas a praticar os apedrejamentos.
Prisão de suspeito
Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, é apontado como autor de pelo menos 17 atos de vandalismo contra os ônibus em São Paulo. No último 17 de julho, ele teria sido responsável por 16 atentados, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP/SP).
Preso preventivamente, ele é motorista concursado da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) há 30 anos. No último ano tem trabalhado para um chefe de gabinete do mesmo órgão, que está sob o comando da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O irmão dele, identificado como Sérgio Aparecido Campolongo, também teria participado dos ataques. Ele também teve prisão preventiva decretada e teria atuado em pelo menos dois atos de vandalismo.
O delegado seccional de São Bernardo do Campo, Domingos de Paula Neto, disse que chegou até Edson após identificar um veículo modelo Virtus branco, presente em algumas cenas de ataques, na região metropolitana de São Paulo e também na capital. O veículo seria um carro oficial do Estado.
Na segunda-feira, 21, outros dois suspeitos foram presos. Nesse caso, os ataques foram em Brasilândia, na Zona Norte; e na Vila Mariana, na região Sul. De acordo com o delegado, a diferença entre esses episódios e de outros suspeitos que também já foram identificados, é que “muitos participaram uma única vez”.