Programa A Voz do Brasil completa 90 anos no ar nesta terça-feira, 22
Criado em 1935, ainda na Era Vargas, o programa de rádio resistiu a regimes, censuras, críticas e transformações tecnológicas
14:50 | Jul. 22, 2025
Nesta terça-feira, 22 de julho de 2025, celebram-se os 90 anos de "A Voz do Brasil", o programa de rádio mais longevo do país e o segundo mais antigo do mundo em atividade contínua. Criado em 1935, o programa marcou gerações e se tornou uma peça central na história da comunicação pública brasileira.
Com o tradicional anúncio “Em Brasília, 19 horas”, a vinheta de abertura ecoa desde os tempos de Getúlio Vargas até os dias atuais, atravessando ditaduras, redemocratizações e revoluções tecnológicas. Hoje, mesmo com o avanço da internet, podcasts e redes sociais, o programa segue obrigatório em todas as emissoras de rádio do país.
Em seu aniversário de 90 anos, o programa passa a ser distribuído também nas plataformas de áudio digitais, como Amazon, Apple Podcasts, Castbox e Spotify. Neste último, será possível ainda acompanhar a transmissão em formato de videocast.
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Trajetória
"A Voz do Brasil" foi criada sob o nome "Programa Nacional", em 22 de julho de 1935, por iniciativa do governo Vargas. A ideia era usar o rádio — mídia de maior alcance até então — para aproximar o governo da população, divulgando ações oficiais, discursos presidenciais e projetos de interesse público.
Para além da divulgação de informações institucionais, o programa garantiu uma maior aproximação entre Getúlio Vargas e o povo, facilitando suas campanhas políticas.
Vargas era frequentemente citado e ouvido no programa. Sua voz era transmitida em discursos oficiais, enquanto a locução e a mediação eram feitas por profissionais da rádio, seguindo roteiros do governo.
O programa era conhecido, informalmente, como “A Hora do Brasil”. Esse nome chegou a ser usado em vinhetas e na imprensa, mas nunca foi oficializado.
Foi somente em 1962 que o programa passou a se chamar oficialmente “A Voz do Brasil”, tendo a transmissão obrigatória em cadeia nacional. Desde então, tornou-se símbolo do rádio brasileiro e instrumento de divulgação das ações dos poderes da República.
Conteúdo
"A Voz do Brasil" passou por mudanças de conteúdo e de formato ao longo das décadas. Durante o regime militar, reforçou sua função como canal de propaganda governamental, sendo alvo de críticas por seu conteúdo institucional e pouco plural.
Com a redemocratização, o programa foi reestruturado para oferecer informações sobre os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Hoje, a produção é dividida entre a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o Senado Federal, a Câmara dos Deputados e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao longo de sua trajetória, “A Voz do Brasil” registrou momentos marcantes da história nacional, como as deposições de Getúlio Vargas e João Goulart, além da cobertura dos processos de redemocratização.
Obrigatoriedade e flexibilização
A obrigatoriedade da transmissão sempre gerou debates. Por décadas, todas as rádios do país eram obrigadas a veicular o programa pontualmente às 19h, o que impactava especialmente a audiência.
Em 2018, uma mudança na legislação permitiu que emissoras comerciais e comunitárias transmitissem o conteúdo entre 19h e 22h, mantendo a obrigatoriedade, mas com maior flexibilidade.
Mesmo com a ascensão da internet e das plataformas de streaming, "A Voz do Brasil" continua sendo um dos espaços de comunicação estatal direta com a população.
Para críticos, o programa carece de modernização. Para defensores, trata-se de uma ferramenta essencial de cidadania, por garantir que informações institucionais alcancem todas as regiões.
Com informações da Agência Brasil.
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