Zema fala em união contra o Norte-Nordeste por protagonismo: "Estão muito na nossa frente"

Governador de Minas Gerais diz que há tratamento diferenciado e que estados "muito menores conseguem aprovar uma série de projetos em Brasília"

21:00 | Ago. 05, 2023

Governador Romeu Zema apoiou Bolsonaro no segundo turno e credita ao ex-presidente a unificação da direita (foto: Divulgação/Governo de Minas)

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) defendeu, em entrevista veiculada neste sábado, 5, uma estruturação do Consórcio Sul-Sudeste (Cossud) para firmar uma aliança contra os estados do Norte e Nordeste. Na visão do governador, os estados estavam sendo tratados de forma diferente e o grupo deve atuar em bloco no Congresso Nacional sempre que possível.

“Temos 256 deputados – metade da Câmara – 70% da economia e 56% da população do País. Não é pouco, nê? Já decidimos que, além do protagonismo econômico que temos, nós queremos - que é o que nunca tivemos - que é protagonismo político”, afirmou ao Estadão.

O consórcio já existia, mas tomou fôlego com a votação da reforma tributária. Agora, a cada 90 dias o grupo se reunirá para programar ações conjuntas. O motivo seria o protagonismo político que os estados do Norte e Nordeste teriam por meio de suas bancadas, resultando em aprovações favoráveis aos interesses do grupo.

O Consórcio Nordeste, por exemplo, que reúne os nove estados nordestinos, atuou em forte oposição à gestão de Jair Bolsonaro (PL) e tomou decisões conjuntas que contrariavam o Governo Federal, como para a aquisição de vacinas durante a pandemia de Covid-19.

O governador fez queixas sobre como, em sua visão, estados “muito menores, em termos de economia e população” conseguem aprovações de projetos no Congresso. “Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos”, afirmou.

E continuou: “Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por Estado. Nós falamos, não senhor.”

Segundo Zema, embora o Cossud existisse, não tinha fôlego político e estrutural porque os governadores “ficavam com o pé atrás”, pela presença do ex-governador João Doria (sem partido), que tinha pretensões de se candidatar à Presidência.

“É que, como (João) Doria sempre foi um candidato potencial à Presidência, essa candidatura dele, atrapalhava o grupo. Os outros governadores ficavam com um pé atrás. Agora, não. Esse grupo é coeso. A reunião de BH foi a oitava, a melhor de todas. Mas foi a primeira dentro desse contexto de formalização”, disse o governador.

O grupo se reuniu antes da reforma tributária ser votada e dialogou com os 256 deputados federais do Sul e do Sudeste. “Os do Norte e Nordeste estão muito na nossa frente. É preciso tratar a todos da mesma forma. As decisões têm que escutar ambos os lados e o Cossud vai fazer esse papel porque ninguém pode ignorar o peso de expressivo de 256 deputados na Câmara", disse.

Houve espaço, na entrevista, para críticas a Bolsonaro, a quem apoiou no segundo turno. Zema considerou que o governo teve nota oito, mas pecava na comunicação. Bolsonaro tinha " a eleição na mão" e foi figura central para "unificar a direita". "Teve uma comunicação ruim, principalmente a dele. Eu daria nota 5. Por que não adianta você fazer certo e comunicar o contrário. Não foi falta de alerta, da equipe que estava com ele de que isso acabaria prejudicando-o", afirmou.

"Teve até entregas, mas parece que em vez de comunicar as entregas, gastava o tempo negando a pandemia, brigando, parece que se perdeu nessa questão", complementou.