Fachin diz que Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque hacker, inclusive da Rússia
O futuro ministro do TSE avaliou não haver mais espaço para populismo autoritário no Brasil e diz não acreditar que o presidente Jair Bolsonaro não reconhecerá o resultado final das urnas
11:51 | Fev. 16, 2022
Às vésperas de tomar posse do Tribunal Superior Eleitora (TSE), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin afirmou, nesta quarta-feira, 16, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que a Justiça eleitoral do Brasil já pode estar sob ataque de hackers. Ele citou como exemplo a Rússia, "que não têm legislação adequada de controle".
Sobre existência de ameaças hackers, o ministro informou que há riscos detectados em alguns países, como é o caso da Macedônia do Norte. "Em relação aos hackers que advêm da Rússia, os dados que nós temos dizem respeito a um conjunto de informações que estão disponíveis em vários relatórios internacionais e muitos deles publicados na imprensa. Há relatórios públicos e relatórios de empresas privadas, que a Microsoft fez publicar perto do fim do ano passado, que (mostram que) 58% dos ciberataques têm origem na Rússia".
O membro do Supremo afirma que relatórios públicos e de empresas privadas mostram que 58% dos ciberataques têm origem na Rússia. Segundo Fachin, as instituições democráticas brasileiras terão seu maior teste nas eleições deste ano. Mesmo com as críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a confiabilidade do voto eletrônico, o magistrado diz não acreditar que o presidente não reconhecerá o resultado final.
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“Eu não creio que irá acontecer. Tenho esperança de que não aconteça e vou trabalhar para que não aconteça. Mas, numa circunstância como essa, nós teremos, certamente, o maior teste das instituições democráticas do Brasil. Um grande teste para o Parlamento, que, na democracia representativa, representa a sociedade. Um grande teste para as Forças Armadas, que são forças permanentes, institucionais, do Estado, e que estou seguro que permanecerão fiéis à sua missão constitucional e não se atrelarão a interesses conjunturais”, afirmou o ministro.
Fachin avaliou não haver mais espaço para populismo autoritário no Brasil. "Ditadura nunca mais. Os males da democracia devem ser resolvidos dentro da democracia", defendeu. Sobre o significado das eleições de 2022 ele afirmou que o pleito é "importantíssimo" não apenas para o país, mas para as Américas e Europa. "Nós queremos nessa articulação internacional tornar as eleições do Brasil uma espécie de case mundial sobre a democracia".