"Tudo parado", diz Alcolumbre sobre sabatina de Mendonça, indicado por Bolsonaro para o STF

Presidente da comissão responsável por sabatinar candidatos ao STF, Alcolumbre tem resistido a iniciar processo de substituição do ministro Marco Aurélio

16:56 | Nov. 09, 2021

Em seu último dia como presidente do Senado Federal, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) diz, durante entrevista coletiva, que trabalhou para mostrar ao Brasil as carências das regiões mais pobres do país. Ele também afirma que trabalhou pela pacificação do país em momentos de grande turbulência e ressalta que o Congresso Nacional precisará ajudar o país a se recuperar depois das crises econômica e sanitária. ..Foto: Pedro França/Agência Senado (foto: Pedro França)

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) respondeu a jornalistas que o processo para sabatinar André Mendonça para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) está parado.

A fala aconteceu nesta terça-feira, 9, quando o parlamentar chegava para reunião da CCJ. Já havia mais de um mês que a comissão não se reunia. O encontro desta terça durou apenas 10 minutos e foi dedicado a votação do relatório sobre emendas da comissão no orçamento.

Jornalistas questionaram o parlamentar sobre o estágio atual da sabatina de Mendonça.

“Tudo parado, tudo parado”, respondeu o senador.

Segundo informações da Folha de S.Paulo, membros da comissão afirmam que está claro que Alcolumbre não vai pautar a sabatina de Mendonça durante o esforço concentrado marcado para o fim do mês e início de dezembro.

Na semana passada, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) atual presidente do Senado e aliado político de Alcolumbre, agendou o período de 30 de novembro, 1º e 2 de dezembro para a votação das indicações de autoridades. Na época, segundo a Folha, Pacheco declarou que “certamente” todos os presidentes de comissões iriam cumprir as obrigações e realizar as sabatinas pendentes.

"O Senado, dentro da sua função constitucional de apreciar nomes indicados para diversas instâncias de agências reguladoras, o Conselho Nacional de Justiça, do Ministério Público, as embaixadas, nós temos o dever de sabatinar e apreciar no plenário esses nomes", afirmou Pacheco na ocasião.

O senador mineiro destacou ainda que todos os presidentes “certamente vão se desincumbir do seu dever próprio de cada comissão de apreciar e fazer as sabatinas dos indicados que ainda não foram sabatinados, inclusive para o Supremo Tribunal Federal”.

Após a sessão da CCJ, Alcolumbre esteve em reunião a portas fechadas com Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo no Senado, e Eduardo Braga (MDB-AM), líder do partido na Casa. Os dois cobraram o presidente da CCJ e disseram que não vão apoiá-lo caso ele se recuse a definir data para a sabatina durante o período de esforço concentrado.

A outros senadores, o parlamentar tem indicado que o período de uma semana não será suficiente para realizar todas as análises pendentes e que não pretende acelerar as que precedem a de Mendonça, indica a Folha de S. Paulo.

A indicação de Mendonça para o STF está prestes a completar quatro meses. O ex-advogado-geral da União é o candidato “terrivelmente evangélico” prometido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para compor a Corte.

Entre bastidores, os comentários são de que Alcolumbre tem segurado a indicação de Mendonça porque busca a substituição do nome dele pelo atual procurador-geral da República, Augusto Aras.

Além da pressão interna, a bancada evangélica também tem se posicionado contra a postura do senador, inclusive ameaçando atuar contra a reeleição dele no Amapá.