Saiba quem é Marcos Tolentino, que depõe nesta terça na CPI da Covid
Esta é a segunda tentativa de ouvir Tolentino, que na primeira oitiva alegou problemas de saúde e não compareceu. Caso fosse necessário, a Justiça Federal já havia preparado um mandato de condução coercitiva para obrigá-lo a depor.
14:53 | Set. 14, 2021
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid recebe hoje, terça-feira, 14 de setembro (14/09), no Senado Federal, o depoimento de Marcos Tolentino da Silva. Ele é apontado como “sócio oculto” da empresa FIB Bank, que deu garantia financeira de R$ 80 milhões em contrato firmado entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin que foi apontada como irregular pelos senadores da CPI.
Esta é a segunda tentativa de ouvir Tolentino, que não compareceu à sua primeira oitiva, no começo de setembro. Na ocasião, o empresário informou que havia sido internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com "formigamento no corpo" e não compareceu. A Justiça Federal de Brasília já tinha preparado um mandato de condução coercitiva, para obrigá-lo a depor, caso Tolentino voltasse a faltar ao depoimento.
Marcos Tolentino é advogado, dono da Rede Brasil de Televisão, e amigo próximo do líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que também é alvo da CPI. Segundo parlamentares, o advogado é um dos articuladores de negociações sob suspeita de irregularidades.
Em depoimento dado no mês de agosto, o presidente do FIB Bank, Roberto Pereira Ramos Junior, deu informações desconexas sobre a relação de Tolentino com a empresa. Inicialmente, ele negou que Tolentino fosse dono do FIB Bank, e quando questionado novamente, afirmou que o investigado é advogado do empresário Ricardo Benetti, que, por meio da empresa Pico do Juazeiro, seria então, sócio da FIB Bank.
Tolentino passou, então, a ser citado em ações judiciais como "sócio oculto" do FIB Bank. As duas empresas relacionadas ao advogado, Pico Juazeiro e MB Guassu, são apontadas pela investigação como verdadeiras operadoras da garantidora do contrato, uma vez que o FIB Bank não tem autorização do Banco Central para oferecer esse tipo de fiança.
Os parlamentares argumentaram na CPI, que a empresa Pico de Juazeiro é registrada no mesmo endereço da Rede Brasil de Televisão, principal empresa de Tolentino. O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apontou que o endereço da MB Guassu também é o mesmo do escritório de advocacia de Tolentino em São Paulo. Além dos endereços, o telefone divulgado como sendo do FIB Bank também seria do escritório de Tolentino na capital paulista.
De acordo com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, Marcos Tolentino é “apontado pelo FIB Bank, pelas empresas Pico do Juazeiro e MB Guassu com o representante, procurador ou administrador” das empresas envolvidas no contrato, já que os “imóveis que compõem o capital social pertencem às empresas de Marcos Tolentino”, afirmou o senador.
O advogado aparece em diversos contratos como representante do FIB Bank e de outras empresas ligadas à garantidora. Um dos emails de Tolentino, inclusive, faz referência ao FIB Bank: "tolentino@fibbank.com". Durante as oitivas realizadas pela Comissão, os senadores da oposição chegaram a apresentar elementos para reforçar a tese de que Tolentino seria o verdadeiro dono da empresa FIB Bank.