Léo Pinheiro escreve carta e recua de acusações contra Lula; juíza arquiva o caso

Carta em que Léo Pinheiro desfaz acusações a Lula é um dos elementos que determinaram arquivamento de investigação. A Justiça Federal de São Paulo já havia arquivado o processo por "falta de justa causa"

16:08 | Set. 14, 2021

PECÉM,CE, BRASIL, 21.08.2021: Luis Inacio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil. Coletiva de imprensa após Lula visitar o Porto do Pecém na companhia do governador Camilo Santana. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)(foto: FABIO LIMA)>

O ex-presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, escreveu uma carta em que volta atrás nas acusações feitas a Lula, em sua delação premiada, feita durante a Lava Jato. A carta de Pinheiro é um dos elementos que determinaram o arquivamento da investigação contra o ex-presidente Lula, que o acusava de suspeita de tráfico de influência internacional em favor da empreiteira OAS. A Justiça Federal de São Paulo determinou o arquivamento da investigação na segunda-feira, 13.

A carta foi escrita no mês de maio e anexada ao processo em junho. No documento escrito a mão, Léo Pinheiro declara não ter conhecimento e não ter autorizado “nenhum pagamento ou oferta de vantagens indevidas” durante o encontro ocorrido na Costa Rica. Pinheiro também afirma que não sabe informar “se houve intercessão do ex-presidente Lula, da ex-presidente Dilma e/ou do ex-ministro Paulo Bernardo”. “A empresa OAS não obteve nenhuma vantagem”, acrescentou no documento redigido a punho.

Durante sua delação premiada, Léo Pinheiro havia dado uma versão diferente. Na acusação, Pinheiro afirmou que Lula teria sido contratado pela OAS, em 2011, para realizar uma palestra na Costa Rica com o objetivo de influenciar os dirigentes do país a fazer negócios com a construtora.

A carta de recuo de Léo Pinheiro se deu após ele ser questionado a respeito de determinadas declarações de sua delação premiada. Pinheiro deveria apontar qual a vantagem exigida ou obtida por Lula; se houve menção a vantagem indevida pela ex-presidente Dilma; bem como se houve intercessão de Lula junto a Dilma para favorecer a empreiteira OAS.

Com o uso da carta pela defesa do petista, os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska T. Z. Martins, afirmaram que as declarações “retro transcritas” pelo delator “colocam uma pá de cal nessa frívola fábula contada”, escreveram na defesa. A responsável pela sentença, a juíza federal Maria Carolina Ayoub, da 9ª Vara Federal de São Paulo, declarou não haver “justa causa para a continuidade das investigações” uma vez que eram “parcos” os indícios coletados contra Lula e arquivou a investigação.

Segundo a defesa de Lula, essa é a 19ª investigação contra o ex-presidente, com base em acusações da Lava Jato, que foi arquivada. O único processo que continua em aberto contra o petista é relativo à compra de caças suecos, que a defesa afirma já ter pedido arquivamento também. Em nota, os advogados frisaram que o ex-presidente “foi vítima de lawfare”, “com base em acusações infundadas”. A defesa acrescenta que “a ‘lava jato' colocou em xeque o Estado de Direito ao realizar delações premiadas sabidamente descabidas com o nítido objetivo de atingir e aniquilar alvos pré-definidos”.