Além de Sikêra Jr., Luís Lacombe recebeu dinheiro do governo Bolsonaro

O repasse foi revelado em documento que aponta os gastos publicitários do governo federal durante a pandemia. Apoiador do presidente, Lacombe recebeu R $20 mil a título de cachê por participação em campanha institucional

15:28 | Jun. 18, 2021

Luis Ernesto Lacombe foi afastado do programa (foto: Reprodução/ Band)

Documentos enviados à CPI da Covid mostram que Luís Ernesto Lacombe (ex-Bandeirantes e atual RedeTV) recebeu cachê de R$ 20 mil do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) por participação em campanha publicitária. Atualmente, o jornalista é um dos principais defensores do presidente na televisão aberta, junto ao apresentador da TV A Crítica, Sikêra Júnior, que recebeu, por sua vez, R$ 120 mil.

O montante teria sido entregue a Lacombe em dois repasses: um em janeiro, como cachê pela Semana Nacional de Trânsito; e outro em março, pelo empenho do jornalista na “campanha de conscientização das famílias sobre os riscos de exposição de crianças na internet”.

Assim como no caso do apresentador do Amazonas, os desembolsos ocorreram por meio
de uma empresa de propriedade do beneficiário. O documento mostra subcontratação de serviços de “áudio e vídeo-pagamento de cachê” à empresa Lala Produções LTDA, de Lacombe, pela Calia/Y2 Propaganda e Marketing.

As informações constam em documentos enviados à comissão sobre gastos publicitários do governo federal. A CAlia/Y2 está na mira da CPI da Covid, por ser suspeita de financiar a rede de fake news estimulada pelo presidente e seus aliados. A empresa é subcontratada da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), de onde partiram os repasses para os dois comunicadores.

Por meio de subcontratadas, a pasta realizou ao menos sete repasses para a empresa de Sikêra, a José Siqueira Barros Junior Produções, feitos entre dezembro de 2020 e abril deste ano. A justificativa para o repasse, segundo o documento entregue à CPI, seria pela participação do apresentador em campanhas publicitárias.

Segundo a Folha, Sikêra recebeu R$ 24 mil por uma campanha que orientou pessoas com suspeita de Covid a procurarem atendimento ainda nos primeiros sintomas da doença. Outros R$ 16 mil foram para participar da campanha que celebrava a retomada, com segurança, da economia e dos empregos. Mais R$ 24 mil vieram de uma campanha para o lançamento da cédula de 200 reais, R$ 8 mil por uma de “combate ao mosquito Aedes”, R$ 20 mil para a campanha sobre “riscos de exposição de crianças na internet”, R$ 20 mil por uma sobre a “Semana Nacional do Trânsito” e R$ 8 mil para uma de uso consciente da água.