Dallagnol contesta decisão Fachin e cita risco de prescrição dos casos envolvendo Lula

O ex-coordenador da operação avaliou que a decisão de Fachin não "apaga a consistência dos fatos e provas, sobre os quais caberá ao Judiciário a última palavra"

20:16 | Mar. 08, 2021

Deltan Dallagnol, ex-procurador (foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados)

O ex-coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, o procurador Deltan Dallagnol, se manifestou nas redes sociais sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin de anular as condenações do ex-presidente Lula no âmbito da operação. 

Segundo o procurador, houve "uma expansão gradativa do entendimento do STF de que os casos da Lava Jato deveriam ser redistribuídos pelo país”. Logo, na visão do Dallagnol, o ministro aplicou o mesmo entendimento ao caso do ex-presidente Lula para que o tribunal fosse “coerente e apartidário”.

Hoje, o Supremo Tribunal Federal anulou as condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato, por entender que seus processos deveriam correr em Brasília e não em Curitiba. É preciso dizer três coisas sobre isso. https://t.co/7rGot5abqv

— Deltan Dallagnol (@deltanmd) March 8, 2021

“Partindo do pressuposto que endosso de que o Min. Fachin sempre teve uma atuação correta e firme, inclusive na operação Lava Jato, concluímos que ele, apesar de entender de forma diferente, aplicou o entendimento estabelecido pela maioria da 2ª Turma do STF”, escreveu Deltan nas redes sociais. Ele acrescentou que a decisão do ministro é "mais um caso derrubado" e que "favorece a anulação dos processos criminais".

O ex-coordenador da operação avaliou que a decisão de Fachin não "apaga a consistência dos fatos e provas, sobre os quais caberá ao Judiciário a última palavra" e pediu respeito e aperfeiçoamento do sistema de justiça. "Processos envolvendo o ex-presidente serão retomados em breve em Brasília, mas com reais chances de prescrição. Várias questões serão rediscutidas nos tribunais”, reforçou.

Dallagnou aproveitou para avaliar o caso como “retrocessos” no combate à corrupção no Brasil. “Precisamos discutir essas amplas mudanças em curso para decidir se queremos ser o país da impunidade e da corrupção, que corre o risco de retroceder vinte anos no combate a esse mal, ou um país democrático em que impere a lei”, escreveu.