Eleições nos EUA provocam reações de preocupação, esperança e ironia no mundo

Entre a Boris Johnson e Jair Bolsonaro, confira as principais reações de políticos e de países às eleições americanas de 2020.

13:09 | Nov. 05, 2020

WILMINGTON, DE - 04 de novembro: O candidato democrata à presidência Joe Biden fala um dia depois que os americanos votaram nas eleições presidenciais, em 4 de novembro de 2020 em Wilmington, Delaware. Biden falou enquanto os votos ainda estão sendo contados em sua disputa acirrada contra o atual presidente dos EUA, Donald Trump, que permanece muito perto de ser decidida. Drew Angerer / Getty Images / AFP (foto: Drew Angerer / AFP)

Diversos governos ao redor do mundo começaram a reagir às eleições presidenciais nos Estados Unidos, onde o democrata Joe Biden se aproxima de uma vitória classificada como fraude pelo atual presidente e candidato republicano Donald Trump.

 

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, pediu às autoridades americanas que "confiem" no "processo eleitoral" em andamento. Maas, cujo país preside a União Europeia (UE) neste semestre, insistiu na necessidade de "mostrar paciência e esperar" o fim da apuração. Pouco antes, a ministra alemã da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, havia manifestado sua preocupação com esta "situação muito explosiva" nos Estados Unidos, onde Trump se declarou o vencedor antes do final da contagem dos votos.

 

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A ministra alertou para os riscos de uma "crise constitucional" no país. "É algo que deve nos preocupar", acrescentou.

 

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foi direto e disse, abertamente na quarta-feira, esperar que Trump vença. "Vocês conhecem a minha posição, é clara (...) tenho uma boa política com Trump, espero que ele seja reeleito, espero", disse o presidente de extrema direita fora de sua residência oficial, em Brasília, em conversa com seus seguidores.

 

Bolsonaro, que fez de seu alinhamento com Washington um pilar de sua diplomacia, foi apelidado de "Trump Tropical" e não esconde sua admiração por seu homólogo americano.

"Tudo que se refere ao nosso país é visto nos Estados Unidos como um pedaço de pano vermelho na frente de um touro", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Por isso, não fazemos comentários! Os americanos terão, provavelmente, que pôr ordem em seus assuntos", acrescentou.

 

Peskov apontou, porém, que esta "incerteza (eleitoral) vinculada à primeira economia do mundo (...) poderá ter efeitos negativos no mundo, sobretudo nas finanças". O supremo guia iraniano zombou, nesta quinta-feira, 5, do "espetáculo" oferecido pela eleição presidencial dos Estados Unidos.

 

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"É uma situação digna de se ver! Ele diz que são as eleições mais fraudulentas da história dos #EUA. Quem? O próprio presidente que está no comando agora!", disse o aiatolá Ali Khamenei em mensagem publicada em vários idiomas, incluindo espanhol, em sua conta no Twitter nesta madrugada.

 

"Seu rival (Joe Biden) diz que #Trump pretende fraudar as eleições. Isso são a democracia e as eleições nos Estados Unidos", acrescentou Khamenei, cujo país e os Estados Unidos são inimigos há mais de 40 anos.

 

A Grã-Bretanha insistiu, na quarta-feira, que seu relacionamento próximo com os Estados Unidos está garantido, não importa quem vença a eleição, mas destacou sua divergência com o governo Trump em relação à mudança climática.

 

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"Os Estados Unidos são um aliado próximo e estamos convencidos de que nosso relacionamento será fortalecido independentemente do vencedor", disse um porta-voz do governo. O primeiro-ministro Boris Johnson, um aliado de Trump, recusou-se a comentar no Parlamento, quando questionado sobre a declaração prematura de vitória do presidente dos EUA e sobre sua intenção de recorrer à Suprema Corte para defendê-la.

 

Já o ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, disse à Sky News que "não está preocupado com a relação" entre Londres e Washington. Estados Unidos e União Europeia terão de construir uma "nova relação transatlântica", após as eleições presidenciais americanas, independentemente do resultado, disse o chanceler francês, Jean Yves Le Drian, sem optar por nenhum dos candidatos.

 

"A eleição de um presidente depende dos americanos. Teremos que trabalhar com o eleito e com a nova administração americana, aconteça o que acontecer", acrescentou.

 

O primeiro-ministro da Eslovênia, Janez Jansa, parabenizou Trump na quarta-feira, após ele se declarar vencedor das eleições presidenciais antes do final da contagem dos votos. "Parece claro que os americanos elegeram Donald Trump", disse no Twitter o chefe do governo, que lidera o partido anti-imigração SDS.

 

Janez Jansa é, junto com seu homólogo e aliado húngaro, Viktor Orban, um dos líderes europeus que apoiaram a candidatura de Trump. O primeiro-ministro esloveno disse no passado que o candidato democrata Joe Biden seria "o presidente mais fraco da história dos Estados Unidos".

 

"Nós não escolhemos quem vai ser o presidente americano. Nós sempre temos que trabalhar com quem o povo elege", disse a ministra espanhola dos Assuntos Exteriores, Arancha González Laya.

 

"Por isso, é tão importante que, nestes momentos, o que conte seja a calma, a tranquilidade, a apuração de todos e de cada um dos votos, e que se valorize esse incrível sistema que é a democracia, que é o sistema em que todos queremos viver, porque é o que nos garante que nossa postura, nossa posição, que se expressa por meio deste voto regularmente, tenha um valor", acrescentou, em declarações à rádio Onda Cero.