Funcionários do Banco Mundial querem suspender indicação de Weintraub

Ex-ministro da Educação brasileiro foi indicado para assumir a diretoria executiva que representa o Brasil e mais oito países dentro da instituição, sediada nos Estados Unidos

20:03 | Jun. 24, 2020

Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A associação de funcionários do Banco Mundial encaminhou uma carta ao Comitê de Ética da instituição, nesta quarta-feira, 22, pedindo que seja aberta uma investigação contra o ex-ministro Abraham Weintraub, indicado pelo governo Jair Bolsonaro para uma diretoria do banco. No documento protocolado, a associação também pede que a nomeação de Weintraub seja suspensa até a conclusão do processo.

A posição da entidade foi encaminhada para todos os funcionários do banco. O motivo do pedido são falas preconceituosas do ministro sobre a China e minorias, além do posicionamento a respeito da prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal.

"O Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição. Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do Conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o Comitê de Ética compartilhe dessa visão e faremos tudo ao alcance para aplicá-lá", afirma a associação de funcionários.

A carta da associação destaca ainda, que "de acordo com múltiplas fontes, o senhor Weintraub publicou um tuíte de carga racial, ridicularizando o sotaque chinês e culpando a China pela covid-19, e acusando os chineses de 'dominação mundial'; levando a Suprema Corte a abrir uma investigação por crime de racismo".

A carta também cita que Weintraub sugeriu que ministros do Supremo Tribunal Federal deveriam ser presos - fala do ministro da Educação na reunião ministerial cujo vídeo veio à público. A associação de funcionários também alega que ele diz abertamente ser contra a proteção dos direitos de minorias e a promoção de igualdade racial.

"Embora sua indicação tenha sido condenada por vários países clientes, a Associação de Funcionários entende que a escolha deste diretor executivo é do Brasil e somente do Brasil", afirmam os funcionários. Apesar disso, eles argumentam que são exigidos padrões de integridade e ética na conduta pessoal e profissional alinhados com políticas do banco, como a política sobre populações indígenas.