OAB discute espaço da mulher na política

O evento itinerante é iniciativa da Comissão Especial de Estudo da Reforma Política da Ordem dos Advogados do Brasil Nacional e tem o objetivo de incentivar a participação política de mulheres em espaços deliberativos

16:44 | Set. 20, 2019

Ana Vládia Feitosa, vice-presidente da OAB Ceará, durante a abertura do evento (foto: DIVULGAÇÃO/Deilson Magalhães)

"O machismo institucional é terrível". Foi com essa frase que Luciana Nepumoceno, presidente da Comissão Especial de Estudo da Reforma Política da OAB Nacional, encerrou sua fala na audiência pública para debater, entre outros pontos, cota de gênero na política. O evento é itinerante e já passou por estados como São Paulo, Rondônia e Pará. No Ceará, a sede da OAB recebeu a audiência na manhã desta sexta-feira, 20. O objetivo principal do momento é debater espaços políticos de poder deliberativo destinados às mulheres candidatas. As "candidaturas laranjas", famosas na última eleição, também foram objeto de discussão.

"Nós, mulheres, sempre tivemos que romper com os limites que foram impostos pelos homens. Tivemos que escandalizar, transgredir ou sofrer para sermos lembradas na história porque, fora isso, as nossas memórias sempre eram reduzidas a sermos boas mães, esposas e filhas", explicou. Ela lembra que, até meados dos anos 2000, não existiam mulheres no supremo e que, hoje em dia, apenas 37% delas compõe os magistrados.

De acordo com Luciana, grande parte das mulheres acabam desistindo de entrar na política pela falta de estímulo, tempo de televisão e até mesmo dinheiro. "Normalmente, as lideranças apoiam mulheres veiculadas a políticos tradicionais", e por conta disso, essa parcela não foca em buscar projetos para suas semelhantes.

A afirmação também é ressaltada por Juliana Diniz, professora adjunta da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela cita exemplos de mulheres que foram perseguidas e tiveram seus mandatos cassados por irem contra políticos homens como forma de recriminação da mulher nesse segmento.

Quanto à inclusão do sexo feminino na política, a professora também ressalta que buscar baratear os custos das eleições, representatividade prática visando interação entre político e eleitor e garantia de melhores condições de governabilidade são os principais objetivos a serem cumpridos.

A audiência teve início às 9 horas e chegou ao fim às 13 horas. Outros temas debatidos foram o sistema e voto distritais puros ou mistos e relegitimação democrática, a possibilidade de candidaturas avulsas e desvinculação de candidatos a partidos políticos, cota de gênero para mulheres em eleições e partidos políticos e reforma política democrática e republicana.