Saída de Dilma só é celebrada se vier via Justiça ou urnas, diz The Economist
16:50 | Mar. 10, 2016
No editorial "Interrogando Lula", a Economist relembra os recentes acontecimentos políticos no Brasil em especial os ocorridos após a operação Lava Jato ter ouvido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto ressalta que cresce a hostilidade entre diferentes grupos políticos após o episódio envolvendo o ex-presidente.
"Brasileiros raramente resolvem as diferenças políticas por meio da violência, mas a ferocidade de ambos os lados gera risco de danificar o consenso que sustenta a admirável democracia do País", diz a revista. O texto diz que o PT e os aliados do governo lideram as ofensas, mas também há problemas no outro lado da disputa política e o editorial questiona se o juiz Sérgio Moro não foi "longe demais" com a condução coercitiva de Lula.
A publicação nota que as investigações em curso na Justiça podem derrubar o governo Dilma Rousseff. Mas a revista lembra que a decisão deveria ser apenas jurídica. "Ambos os lados estão a perigo de esquecer que a Justiça é, ou deveria ser, cega", diz, ao se referir aos protestos contra e a favor do governo marcados para o fim de semana. "É a Justiça, e não a guerra política, que deve terminar o destino do governo do Brasil".
"Um novo governo teria uma chance melhor de levar o Brasil para fora do atoleiro. Diante da escolha entre sanear a economia e sobreviver politicamente, a senhora Rousseff tem escolhido a última opção. Ela tem atrasado as reformas fiscais que podem restaurar a confiança na economia que sofre a pior recessão desde 1930", diz o editorial. "Sua saída poderia, certamente, ser motivo de celebração - mas apenas se vier através da Corte ou das urnas, não por cínicas conspirações políticas."