Tucanos avaliam que goleada anula discurso adversário

08:40 | Jul. 10, 2014

A campanha do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, avalia que a derrota acachapante do Brasil contra a Alemanha deve anular as tentativas do governo Dilma Rousseff de explorar politicamente a realização do evento em solo nacional. O comitê tucano vai apenas esperar o "luto" em razão do fiasco em campo passar para retomar as críticas à política econômica.

A ideia agora é que, ao falar do campeonato, Aécio credite o sucesso extracampo ao povo brasileiro, e não ao governo.

O tucano deve insistir que o legado da Copa poderia ter sido muito melhor se o governo tivesse entregado as dezenas de obras previstas. Os estrategistas tucanos, porém, não acreditam que as discussões sobre o tema sobrevivam até outubro, mês das eleições.

Cuidado

Enquanto não passar a euforia, os agentes políticos do PSDB estarão pisando em ovos nos próximos dias para não deixar escapar frases infelizes que possam ferir o fragilizado torcedor e serem exploradas nos programas eleitorais de TV pela situação, que já acusa seus opositores de serem "pessimistas".

Segundo assessores, Aécio tem dito nas reuniões internas que o torcedor não pode sentir "cheiro de oportunismo político" ou o tiro sai pela culatra.

Aécio foi pelo menos duas vezes a estádios durante esta Copa. A primeira no Maracanã, no Rio de Janeiro, onde viu a Alemanha se classificar para a semifinal contra a França.

O candidato tucano à Presidência não divulgou a agenda à imprensa. Horas depois do jogo, publicou em uma rede social foto com a filha Gabriela, que o acompanhou ao lado do empresário Alexandre Acciolly.

Na terça-feira, 8, Aécio foi ao Mineirão, em Minas, sua terra natal. Também não divulgou a agenda. Alguns assessores chegaram até a negar que ele estivesse no estádio. No fim, confirmaram que o tucano esteve na arquibancada ao lado de outros políticos mineiros, até porque o filho de um aliado publicou foto com Aécio no Mineirão em uma rede social.

Críticas

O candidato a vice-presidente na chapa de Aécio, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), afirmou que Dilma "caiu no ridículo" ao tentar explorar o futebol desde o início dos jogos como se a gestão dela tivesse algo a ver com o que se passa no campo. Na véspera do fiasco do jogo contra Alemanha, a presidente chegou a divulgar uma foto imitando gestos de Neymar. "A Dilma acabou caindo no ridículo fazendo aquele gesto do �tóis� porque tentou explorar o sofrimento do Neymar (quando ele ficou de fora dos jogos ao quebrar uma vértebra) e também porque tentou pegar carona na esperança do povo brasileiro". Aloysio aposta que diante da derrota da seleção anfitriã, "agora ela vai deixar morrer o assunto Copa, você vai ver", apostou. "Agora as pessoas vão voltar para suas vidas normalmente, para os seus problemas e voltaremos a discutir sobre inflação, obras inacabadas e novos projetos para o País."

Virar a página

Existe uma corrente dentro da equipe da campanha de Aécio defendendo deixar que o assunto Copa morrer o mais rápido possível. Esse grupo diz que a agenda da Copa é de Dilma e só interessa a ela.

Há outra corrente que defende uma posição mais agressiva de Aécio. Sem tratar do que aconteceu no gramado, pois isso todos concordam internamente que é um tema pertencente ao torcedor e não aos políticos, o candidato deveria aproveitar para criticar até o que deu certo na Copa. � preciso, segundo esse grupo, criticar a oportunidade perdida para que mais obras de infraestrutura fossem concretizadas no País. Nesse aspecto, dizem, não há sucesso na Copa, e sim fracasso. (Colaborou Pedro Venceslau). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.