Saqueadores atacam trens de soja em Santa Adélia
De acordo com o delegado do município, João Wagner Bertoncello, os trens passaram a ser atacados quando paravam em dois desvios para liberar a linha principal para a passagem de outras composições. Os criminosos rompiam o lacre dos vagões e faziam com que os grãos caíssem na linha. Quando a composição seguia, eles recolhiam a soja e a destinavam aos compradores. A empresa que administra a ferrovia reduziu o uso do desvio, mas os trens passaram a ser atacados mesmo em movimento, quando reduziam a velocidade para transpor a área urbana. "O maquinista muitas vezes não percebia e seguia com a soja derramando na linha", contou o policial civil José Eduardo Aguiar.
A quantidade era tanta que, em alguns trechos, o grão chegava a cobrir os trilhos. Na cidade de 14.333 habitantes, recolher soja na ferrovia passou a ser uma atividade lucrativa. Alguns saqueadores "terceirizavam" o serviço, pagando para outras pessoas fazer a coleta. "Boa parte da população se envolveu nessa ação criminosa", disse Aguiar. Na busca, os policiais encontraram cômodos inteiros de algumas casas lotados com sacos de soja. Uma delas tinha 150 sacas ocupando o quarto e a sala. Foram apreendidas também ferramentas usadas para arrombar os vagões. O delegado informou que a maioria dos indiciados responderá por furto qualificado. "A investigação, agora, busca identificar e prender os grandes receptadores", disse.
Sorocaba
Saqueadores de trens de carga têm agido também em Sorocaba. Nos três primeiros meses deste ano, 840 toneladas de arroz, 500 de cimento e 50 de açúcar foram furtadas em 11 vagões atacados por grupos de até 200 pessoas. Os saques ocorreram no trecho em que a ferrovia atravessa o Jardim Nova Esperança, antiga favela da cidade. Nas últimas semanas, com o aumento da fiscalização, os saqueadores deixaram de agir.
A America Latina Logística (ALL) que administra 21,3 mil km de ferrovias em todo o País e detém a concessão da linha em Santa Adélia, informou que desde o início dos saques a segurança dos trens foi redobrada e as rondas tornaram-se intensivas, a fim de coibir e reunir evidências das ações dos vândalos. O material arrecadado na ação foi entregue à Polícia Civil. Na ação de quinta-feira, segundo a ALL, grande quantidade de carga foi recuperada, mas ainda não é possível precisar o volume, pois a ação continua. As cargas possuem seguro. Cerca de 80% dos furtos cometidos a trens no Estado, recentemente, ocorreram na região de Santa Adélia. Em Sorocaba, não houve mais casos e a operação está normalizada, segundo a empresa.