Estudantes da rede estadual desenvolvem sistema de tratamento de água para suprir escassez

Protótipo simula o ciclo natural da água para retirar impurezas e torná-la potável

10:20 | Out. 23, 2019

Neuclimar Júnior e Felipe Oliveira, estudantes do segundo ano do ensino médio, com os utensilios usados para transformar água poluída em potável (foto: DIVULGAÇÃO)

Preocupados com a escassez de água em seu município, estudantes do 2º ano do ensino médio da escola estadual Antonio Rodrigues de Oliveira desenvolveram sistema de tratamento com o objetivo de reutilizar águas poluídas e do esgoto, em Pedra Branca, região do sertão cearense.

Felipe Oliveira, 17, explica que a iniciativa surgiu ao perceberem que, além da escassez de água na sua cidade, a poluição dificultava ainda mais o acesso à água potável. Preocupados com a saúde das pessoas, ele, seu colega Neuclimar Júnior, 16, e o professor de química, Renato Moreira, iniciaram o projeto para oferecer uma alternativa de tratamento de água com baixo custo para a população.

O sistema funciona de forma simples, garantem os alunos. A água passa por uma série de processos que começa com a retirada dos resíduos sólidos, do óleo residual, e termina com a evaporação e condensação, tornando-a potável. "Com o óleo separado da água, pensamos em reutilizar os resíduos para transformá-los em sabão e combustível, para ser utilizado no dia a dia", acrescenta Neuclimar Júnior.

Neuclimar ressalta a importância de se utilizar materiais de fácil acesso e também recicláveis, que podem ser facilmente encontrados nas residências. São utilizados recipientes de plásticos na cor preta, para ajudar na evaporação e condensação; canos de PVC e torneiras, para o manuseio da água em cada etapa.

O professor Renato acompanha os alunos desde janeiro, quando iniciaram o projeto. Em começo de carreira, com apenas três anos no ofício, sente-se grato ao ver seus alunos engajados em projetos como esse. "É muito satisfatório observar que os alunos podem pegar o conteúdo teórico, aplicar no dia a dia, solucionar problemas, e ainda pensar em uma questão ambiental e ecológica", diz.

De acordo com o professor, a água, tratada a partir do sistema desenvolvido pelos alunos, segue as condições apresentadas pela Portaria de Consolidação nº 5 de 3 de outubro de 2017 do Ministério da Saúde, pois não apresenta cor, odor e nem sabor. Além disso, o sistema utilizado pelos alunos difere do processo realizado industrialmente, porque eles não utilizam elementos químicos. “Em nosso protótipo, evitamos usar aditivos dentro dessa água, pois o intuito é que ele seja simples e se utilize de processos biológicos”, sustenta Felipe.