A fuga 'aterradora' de Corina Machado da Venezuela
22:22 | Dez. 11, 2025
María Corina Machado fez uma longa e "aterradora" travessia marítima durante a noite para deixar a Venezuela, segundo o americano que afirma ter comandado a operação.
Bryan Stern, que dirige uma organização de resgate sem fins lucrativos, detalhou a operação em uma entrevista nesta quinta-feira (11) à CBS News, que permitiu que a líder da oposição venezuelana e ganhadora do Nobel da Paz deste ano chegasse à Noruega, embora não a tempo de participar da cerimônia de entrega do prêmio.
"Foi perigoso. Deu medo", relatou Stern, veterano das forças especiais americanas. O diretor da operação lembrou que foi necessário enfrentar a escuridão e do mar revolto para deixar o país.
Stern disse ter se encontrado com Corina Machado no mar depois que ela deixou a Venezuela, onde viveu na clandestinidade por 11 meses por temer possíveis represálias do governo de Nicolás Maduro.
A opositora embarcou em uma lancha que a aguardava para fazer uma travessia de 13 horas até um local não revelado, onde ela pegou um avião. A missão, segundo a CBS, foi planejada quatro dias antes de sua execução.
"As condições do mar eram ideais para nós", porque as ondas altas interferem nos radares. "Mas, claro, não eram condições desejáveis para navegar", explicou Stern.
"Era noite fechada, havia pouca luz da Lua, alguma nebulosidade, pouca visibilidade, as lanchas não tinham luzes", descreveu.
"Todos estávamos bem molhados. Meu time e eu estávamos encharcados até os ossos. Ela também, estava com frio e muito molhada. Teve uma viagem muito dura. Estava muito feliz. Estava muito emocionada. Estava muito cansada", acrescentou o veterano.
Cerca de 20 pessoas participaram da operação, segundo Stern.
Um representante de Corina Machado confirmou que a organização de Stern, a Grey Bull Rescue Foundation, realizou a operação iniciada na terça-feira, informou a CBS.
O Wall Street Journal relatou que a opositora venezuelana usou uma peruca e um disfarce para sair do local onde se escondia em Caracas.
Stern não revelou detalhes sobre a operação em terra firme.
O veterano afirmou que a missão para retirar Corina Machado da Venezuela foi financiada por "alguns doadores generosos", todos privados.
"O governo americano não contribuiu com um centavo para esta operação, ao menos que eu saiba", afirmou.
Ele disse, porém, que seu grupo coordenou "de maneira não oficial" com o Exército americano para informar suas posições e evitar ataques.
María Corina Machado declarou nesta quinta-feira que contou com apoio dos Estados Unidos para deixar o país.
A opositora afirmou que pretende voltar à Venezuela, sem esclarecer como ou quando.
Stern disse que seu grupo não participará desse retorno, pois só realiza operações para retirar pessoas de países, não para levá-las de volta.
"Isso é algo que ela deve determinar e decidir. Mas acho que ela não deveria voltar. Porém, ela quer. María é realmente inspiradora", afirmou.
bjt/bgs/dga/nn/lm/rpr