Militares de El Salvador serão julgados por massacre de quase mil civis em 1981
21:57 | Dez. 09, 2025
Um grupo de militares de El Salvador será julgado pelo massacre de quase mil civis em 1981, no contexto da ofensiva do Estado contra as guerrilhas de esquerda, anunciou nesta terça-feira (9) uma organização que representa as vítimas.
Soldados do Batalhão Atlacatl executaram a tiros 986 pessoas, incluindo 558 crianças, em El Mozote e comunidades vizinhas, entre 9 e 13 de dezembro de 1981. As vítimas foram acusadas de colaborar com a Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN, esquerda).
Treze dos supostos assassinos foram enviados a julgamento, segundo resolução emitida em 26 de novembro pelo Tribunal de Instrução da cidade de San Francisco Gotera, informou a ONG Cristosal. A data do início do julgamento ainda não foi definida, disse à AFP um porta-voz da organização.
A medida ainda pode ser contestada pela defesa, explicou a ONG, que decidiu em julho suspender suas operações em El Salvador e se transferir para a Guatemala, alegando perseguição do presidente salvadorenho Nayib Bukele.
Segundo a Cristosal, serão julgados o ex-ministro da Defesa Guillermo García e outros 12 oficiais, por acusações de assassinato e estupro.
García foi condenado em julho, com outros dois ex-comandantes militares, a 60 anos de prisão pelo assassinato de quatro jornalistas holandeses em março de 1982, durante a chamada guerra civil (1980-1992). Mas os três acusados terão que cumprir apenas 30 anos de prisão, a punição máxima prevista pelo código penal na época dos fatos.
O avanço do caso de El Mozote "foi possível graças à prova testemunhal fundamental fornecida de forma corajosa" pelos sobreviventes do massacre e a perícias forenses, ressaltou a Cristosal, que denunciou uma "escalada repressiva" do governo Bukele contra ativistas humanitários.
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