Tóquio pede calma após radar da China mirar caças japoneses

07:42 | Dez. 08, 2025

Por: Agência Estado

Japão e Austrália pediram calma neste domingo (7) depois que aeronaves militares chinesas miraram o radar em caças japoneses, aumentando as tensões entre Tóquio e Pequim. O ministro da Defesa japonês, Shinjiro Koizumi, disse que seu país protestou formalmente contra o incidente, classificando-o como "extremamente lamentável" e "perigoso". "Exigimos medidas preventivas rigorosas", disse.

O Ministério da Defesa do Japão informou que aeronaves militares chinesas J-15 decolaram do porta-aviões chinês Liaoning, próximo à ilha japonesa de Okinawa, no sábado, e "intermitentemente" travaram seu radar nos caças japoneses F-15 em duas ocasiões no mesmo dia: por cerca de três minutos no fim da tarde e por cerca de 30 minutos à noite.

Os caças japoneses haviam sido acionados para perseguir jatos chineses que realizavam exercícios de decolagem e pouso no Pacífico. Eles perseguiam as aeronaves chinesas a uma distância segura e não tomaram ações que pudessem ser interpretadas como provocação, segundo a agência Kyodo News, citando autoridades. Não houve violação do espaço aéreo japonês, e nenhum ferido ou dano foi registrado.

O coronel sênior Wang Xuemeng, porta-voz da Marinha chinesa, defendeu o treinamento aéreo próximo à ilha de Miyako no sábado, dizendo que Pequim havia anunciado os exercícios antecipadamente e acusando as aeronaves japonesas de "assédio".

Japão e Austrália, cujos ministros da Defesa realizaram conversas programadas em Tóquio no domingo, expressaram preocupação com a situação. "Estamos profundamente preocupados com as ações da China", disse o ministro da Defesa da Austrália, Richard Marles, em entrevista conjunta no domingo após conversar com Koizumi.

A Austrália "não quer ver qualquer mudança no status quo no Estreito de Taiwan", afirmou Marles, acrescentando que a China é o maior parceiro comercial de seu país e que ele deseja manter relações produtivas com Pequim.

Japão e Austrália, durante as conversas deste domingo, concordaram em reforçar seus laços militares para liderar a cooperação de defesa multilateral na região. Os dois ministros concordaram em formar uma "estrutura de coordenação estratégica de defesa" abrangente.

Tóquio vem acelerando sua ampliação militar enquanto expande seus laços de defesa para além de seu único aliado por tratado, os Estados Unidos. O país agora considera a Austrália como um semi-aliado.

Acredita-se que o travamento de radar ocorrido no sábado seja o primeiro envolvendo aeronaves militares japonesas e chinesas. Em 2013, um navio de guerra chinês mirou um radar em um destróier japonês, informou a Kyodo. Caças utilizam radar para operações de busca ou controle de tiro antes do lançamento de mísseis.

Em outra parte do Pacífico, a guarda costeira das Filipinas informou que a China disparou três sinalizadores em direção a um avião do departamento de pesca que fazia patrulha no Mar do Sul da China no sábado. As forças chinesas disparam sinalizadores para alertar aviões a se afastarem do que consideram seu espaço aéreo sobre as águas disputadas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.