Opositora venezuelana María Corina Machado estará em Oslo para receber Nobel

12:32 | Dez. 06, 2025

Por: Pierre-Henry DESHAYES

A opositora venezuelana María Corina Machado, que vive na clandestinidade em seu país, confirmou que estará em Oslo na próxima semana para receber seu Prêmio Nobel da Paz, anunciou neste sábado (6) o diretor do Instituto Nobel à AFP.

"Estive em contato com a senhora Machado esta noite e ela me confirmou que estará em Oslo para a cerimônia", afirmou Kristian Berg Harpviken.

"Devido à situação de segurança, não podemos dar mais detalhes sobre a data e a forma como virá", acrescentou em uma mensagem à AFP.

A possibilidade de que a opositora de 58 anos participasse na cerimônia de entrega do Nobel em 10 de dezembro gerou grandes questionamentos.

A oposição venezuelana convocou para este sábado marchas em várias cidades do mundo, para "acompanhar o reconhecimento à valentia de cada venezuelano, porque o Nobel é de todos e a esperança também", segundo uma convocação nas redes sociais. 

Em novembro, o procurador-geral da Venezuela declarou à AFP que Machado seria considerada "fugitiva" se deixasse o país para receber seu prêmio.

"Nada é 100% certo no mundo, mas isto é tão certo quanto pode ser", afirmou Harpviken na emissora de rádio NRK.

María Corina Machado foi anunciada vencedora do Nobel em 10 de outubro "por seu incansável trabalho de promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia" no país.

A opositora, com ideias alinhadas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi impedida de se candidatar às eleições presidenciais de 2024, nas quais o chefe de Estado em fim de mandato, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor apesar dos protestos da oposição. 

Os EUA e grande parte da comunidade internacional não reconheceram este resultado.

A entrega do Nobel coincidirá com o destacamento militar dos Estados Unidos no Caribe e no Pacífico, onde já morreram pelo menos 87 pessoas em ataques lançados por Washington.

- Prêmio dedicado a Trump e ao povo venezuelano -

Os Estados Unidos afirmam que o envio, que começou em agosto, faz parte de operações contra o narcotráfico. Mas muitos especialistas questionam a legalidade destes ataques, e Maduro insiste que o objetivo é derrubá-lo e tomar as riquezas do país. 

Após a concessão do Nobel, Machado dedicou seu prêmio ao presidente dos Estados Unidos, considerando que sua ajuda é crucial para garantir uma transição democrática em seu país.

"Dedico este prêmio ao sofrido povo da Venezuela e ao presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa", escreveu em uma mensagem em inglês na sua rede social X, após receber o prêmio.

Edmundo González Urrutia substituiu Machado após ela ter sido inabilitada nas últimas eleições presidenciais. 

A vencedora do Nobel afirma que Maduro roubou a eleição de seu candidato e publicou cópias das atas emitidas pelas máquinas de votação como prova de fraude. O chavismo descartou estas acusações. 

A militância da oposição foi desmobilizada na Venezuela, em parte devido a um medo gerado pela prisão de 2.400 pessoas nos protestos após a reeleição de Maduro. 

Além das movimentações dos Estados Unidos com uma frota de navios e aviões de combate no Caribe e dos ataques a embarcações supostamente carregadas de drogas, a Venezuela ficou praticamente isolada desde quinta-feira. 

As últimas companhias aéreas internacionais que operavam no país suspenderam seus voos na quinta-feira por motivos de segurança, após a autoridade aeronáutica americana emitir um alerta devido ao aumento da atividade militar na região.

O Nobel, que será entregue em Oslo, capital da Noruega, consiste em uma medalha de ouro, um diploma e uma quantia de 1,2 milhão de dólares (6,4 milhões de reais). 

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