Parlamento francês reafirma oposição ao acordo UE-Mercosul
08:18 | Nov. 27, 2025
Os deputados franceses reiteraram nesta quinta-feira (27) sua oposição ao acordo comercial negociado entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, antes de votações cruciais no continente europeu a partir de dezembro.
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, pelo Mercosul, e a Comissão Europeia anunciaram no final de 2024 um acordo comercial que preocupa os agricultores franceses.
O tratado ainda precisa ser ratificado antes de entrar em vigor.
Do lado europeu, são necessárias as aprovações do Conselho da UE, que reúne os 27 países do bloco, e do Parlamento Europeu para a implementação do acordo.
A França sozinha não pode bloquear o acordo no Conselho da UE, já que sua adoção exige maioria qualificada. Bruxelas espera que a aprovação aconteça em dezembro.
A aprovação pelo Parlamento Europeu promete ser mais complicada.
Por unanimidade, a Assembleia Nacional (Câmara Baixa) francesa aprovou uma resolução promovida pelo partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI) que pede a oposição do governo ao acordo.
Diante dos parlamentares, o ministro para a Europa, Benjamin Haddad, reiterou a posição da França: "O acordo, da maneira como foi concluído em 2024, não é aceitável em seu estado atual".
Contudo, o ministro destacou que obteve um "avanço", um fortalecimento das cláusulas de salvaguarda por parte da Comissão Europeia. Ele pediu a adoção das medidas rapidamente, antes de qualquer votação sobre o acordo UE-Mercosul.
"O avanço, que é útil e necessário, não é suficiente hoje. Não é suficiente", acrescentou Haddad, que lembrou outras duas exigências do país: cláusulas "espelho" para garantir a equidade de normas e controles sanitários mais rigorosos.
O tratado de livre comércio pretende favorecer as exportações de automóveis, máquinas e vinhos europeus para os países do Mercosul, em troca da facilidade de acesso da carne, açúcar, arroz e soja sul-americanos.
Os agricultores franceses temem que seu mercado seja inundado por produtos agrícolas do Mercosul, considerados mais competitivos, mas a Comissão Europeia prometeu intervir em caso de desestabilização do mercado.
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