Mais 73 pessoas morrem enquanto esperavam por ajuda em Gaza
00:00 | Jul. 21, 2025
Enquanto Israel e Hamas mantêm negociações no Catar, palestinos são mortos a tiros ao buscar suprimentos; ataques do gênero são quase diários, e ONU exige que Israel levante o cerco no território.Pelo menos 73 pessoas foram mortas enquanto tentavam acessar ajuda em Gaza neste domingo (20/07), informou o ministério da Saúde do território palestino. Mais de 150 pessoas ficaram feridas, algumas delas em estado crítico. O maior número de vítimas foi no norte de Gaza, onde pelo menos 67 palestinos foram mortos enquanto tentavam alcançar a ajuda que chegava por meio da passagem de Zikim, de acordo com as autoridades locais. Não há postos do Fundo Humanitário de Gaza (GHF), grupo apoiado pelos EUA e Israel, no norte do enclave palestino. Testemunhas relatam disparos vindos de militares israelenses em direção às multidões, mas não há confirmação sobre a autoria dos ataques. Enquanto isso, o exército israelense publicou novos avisos de evacuação para áreas do centro de Gaza, uma das poucas áreas onde o exército raramente opera com tropas terrestres e onde estão localizadas muitas organizações internacionais que tentam distribuir ajuda. O anúncio foi feito no momento em que Israel e o grupo palestino Hamas mantêm negociações de cessar-fogo no Catar – mediadores internacionais afirmam que não houve avanços. Desde que a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos EUA e por Israel, iniciou suas operações em maio, tem havido relatos quase diários de palestinos mortos pelas forças israelenses enquanto buscavam ajuda. Fome e desespero Na manhã deste domingo, ambulâncias em frente a três grandes hospitais em Gaza soaram seus alarmes simultaneamente para chamar a atenção para a crise de fome em Gaza. Médicos se posicionaram com cartazes mostrando crianças desnutridas e falta de medicamentos. Israel fechou as travessias e interrompeu todas as entregas de ajuda humanitária ao território em março, anunciando a suspensão do bloqueio em maio, o que é contestado por entidades que atuam na região. A entrada de ajuda tem sido monopolizada pela GHF e é insuficiente para aplacar a situação de catástrofe e fome generalizada entre os mais de 2 milhões de habitantes do território. A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) afirmou, no X, que não consegue levar alimentos há mais de quatro meses a Gaza e exigiu que Israel levantasse o cerco. Apesar de ter suprimentos e meios para levar a ajuda, a agência, que foi banida por Israel, afirma que o acesso ao território continua bloqueado. Autoridades israelenses alegam que o grupo radical palestino Hamas estava roubando a ajuda humanitária e a utilizando para alimentar seus combatentes, sem apresentar evidências. A Faixa de Gaza está há 21 meses sob intensos ataques israelenses, que deixaram mais de 58 mil palestinos mortos. O estopim da atual guerra foi o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e fez 251 reféns. sf (AP, DW, ots)