Indígenas armados bloqueiam rota na Amazônia peruana por assassinato de seu líder

17:17 | Abr. 20, 2023

Por: AFP

Dezenas de indígenas armados da etnia ashaninka, a maior da Amazônia peruana, bloquearam, nesta quinta (20), uma importante rodovia para exigir proteção do governo, após o assassinato de um dos líderes por supostos narcotraficantes.

O homicídio de Santiago Contoricón, dirigente do distrito e província de Satipo, na região de Junín, em 8 de abril, deixou indignada a comunidade nativa, que denuncia a falta de interesse das autoridades.

"Nos levantamos para ver essa questão (o assassinato do líder)e qual é a solução que o Estado dá", disse à AFP Roger Camacho, que se identificou como secretário de Educação da comunidade ashaninka da região.

Armados com escopetas, lanças e flechas, os manifestantes ocupam vários trechos da rota de acesso a Puerto Ocopa, uma localidade do Rio Tambo, dentro do vale formado pelos rios Apurímac, Ene e Mantaro, conhecido pelo seu acrônimo Vraem, a maior zona cocaleira do Peru.

Alguns vestem trajes típicos da etnia e os líderes usam cocares de penas.

"Na grande Ashanika houve (nos últimos três anos) três assassinados de líderes e esse é o quarto, por isso, agora vamos agir, não vamos ficar esperando", acrescentou o líder ashaninka.

Segundo Camacho, "os atuais líderes são ameaçados pelo narcotráfico".

Os ashaninkas exigem a presença de algum ministro para suspender o bloqueio.

Santiago Contoricón foi atacado a tiros pelo assassino na porta de sua casa, em Puerto Ocopa.

Era reconhecido por ter liderado, na década de 1990, a resistência de seu povoado contra a guerrilha Sendero Luminoso, que assassinou mais de 400 ashaninkas.

A Defensoria do Povo pediu há uma semana ao governo para escutar os pedidos, diante das ameaças que pairam sobre os líderes nativos "por parte de pessoas dedicadas a atividades ilegais".

Os ashaninkas, que habitam a floresta central e o sudeste do Peru, são a comunidade mais numerosa entre as 65 etnias amazônicas do país. Aproximadamente 70.000 pessoas a integram, a maioria agricultores.

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