Chefe da Otan pede que Turquia não bloqueie Suécia após queima de Corão em protesto
19:56 | Jan. 23, 2023
O secretário-geral da Otan criticou, nesta segunda-feira (23), a atitude do presidente turco, que ameaçou bloquear a adesão da Suécia à Aliança Atlântica depois que um militante de extrema direita queimou um exemplar do Corão, livro sagrado dos muçulmanos, em Estocolmo.
"A liberdade de expressão, a liberdade de opinião, é um bem precioso na Suécia e em todos os outros países da Otan. É por isso que estes atos inapropriados não são automaticamente ilegais", disse Jens Stoltenberg durante entrevista à TV alemã Die Welt, condenando a posição do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a propósito da Suécia.
Na tarde de sábado, durante uma manifestação autorizada pela polícia sueca perto da embaixada da Turquia, o ultradireitista sueco-dinamarquês Rasmus Paludan queimou um exemplar do Corão, em um ato para criticar as negociações suecas com Ancara sobre a Otan.
O incidente irritou Erdogan, que advertiu a Suécia que não conte com seu apoio em sua candidatura a aderir à Otan.
Stoltenberg lembrou que o governo sueco condenou esta manifestação e também afirmou que ele mesmo é "absolutamente contra este tipo de insultos" e "totalmente contra este comportamento que vimos nas ruas de Estocolmo".
Os Estados Unidos qualificaram de "repugnante" a atitude do militante sueco e acreditam que pode ter sido uma sabotagem para dificultar a negociação para ampliar a Otan.
"Queimar livros que são sagrados para muitos é um ato profundamente desrespeitoso", disse a jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, que o qualificou de "repugnante" e "abjeto".
Price disse que a queima foi obra de "um provocador", que "pode ter tentado deliberadamente distanciar dois parceiros próximos nossos: Turquia e Suécia".
Suécia e Finlândia pediram no ano passado para fazer parte da Otan, depois que a Rússia invadiu a Ucrânia.
Desde maio, a Turquia bloqueia a entrada da Suécia, alegando que o país europeu abriga ativistas e apoiadores curdos - considerados por Ancara como "terroristas", sobretudo os do PKK e seus aliados no norte de Síria e Iraque.
Segundo Stoltenberg, 28 dos 30 países-membros da Otan já deram seu aval em seus Parlamentos nacionais.
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