Mulheres sem véu tentam se parecer com 'animais', dizem talibãs no Afeganistão

O decreto de Akhundzada ordena que as autoridades avisem ou suspendam de seus empregos funcionários que sejam parentes de mulheres que não cumpram os regulamentos

11:16 | Jun. 16, 2022

Por: AFP
Uma mulher vestida de burca passa por uma faixa colocada pelas autoridades do Talibã pedindo às mulheres que usem um hijab, em Kandahar, em 16 de junho de 2022 (foto: JAVED TANVEER / AFP)

A polícia religiosa do Talibã na cidade afegã de Kandahar colocou placas de rua dizendo que as mulheres muçulmanas que não usam véu que cobrem o rosto estão "tentando se parecer com animais", confirmou uma autoridade nesta quinta-feira, 16.

Desde que chegou ao poder em agosto, o Talibã impôs severas restrições às mulheres afegãs, corroendo os ganhos obtidos nas duas décadas desde que os Estados Unidos invadiram o país e derrubaram o governo anterior do grupo islâmico. Em maio, o líder supremo do Talibã, Hibatullah Akhundzada, aprovou um decreto afirmando que é melhor que as mulheres fiquem em casa. Então, ele emitiu uma ordem para que as mulheres cobrissem completamente seus corpos e rostos em público.

Esta semana, o Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, encarregado de fazer valer a interpretação estrita do Islã que o grupo defende, colocou cartazes nas ruas de Kandahar com imagens de mulheres vestindo burcas, roupas que cobrem o corpo da cabeça aos pés.

"Mulheres muçulmanas que não usam o hijab estão tentando parecer animais", alertam os cartazes sobre o uso do véu facial completo. O cartaz adverte que usar shorts, roupas apertadas ou roupas transparentes também é contra os decretos de Akhundzada. Um alto funcionário local confirmou a exibição dos cartazes.

"Colocamos esses cartazes e as famílias das mulheres que não estão cobertas serão informadas e as medidas correspondentes serão tomadas com o decreto", disse à AFP Abdul Rahman Tayebi, representante local do ministério em Kandahar.

O decreto de Akhundzada ordena que as autoridades avisem ou suspendam de seus empregos funcionários que sejam parentes de mulheres que não cumpram os regulamentos.

Na quarta-feira, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, criticou o Talibã por sua "opressão sistemática e institucionalizada" das mulheres.