Participação de mulheres ucranianas e russas na Via Crúcis em Roma preocupa Ucrânia
16:57 | Abr. 12, 2022
O embaixador da Ucrânia na Santa Sé expressou nesta terça-feira (12) sua "preocupação" com a participação de mulheres russas e ucranianas na Via Crúcis da Sexta-feira Santa, presidida pelo Papa Francisco no Coliseu de Roma.
A iniciativa, lançada pelo Vaticano como um gesto de paz no conflito entre Rússia e Ucrânia, deveria reunir famílias dos dois países para carregar a cruz em uma das 14 estações da Via Crúcis. Contudo, a proposta gerou reações negativas na comunidade ucraniana.
"Entendo e compartilho a preocupação geral na Ucrânia e outras comunidades sobre a ideia de reunir mulheres ucranianas e russas para carregar a cruz juntas" em Roma, escreveu o embaixador Andrii Yurash em um tweet.
"Estamos estudando o assunto, tentando explicar as dificuldades para sua realização e as possíveis consequências", acrescentou.
O Vaticano não reagiu às declarações de Yurash.
As mulheres devem carregar a cruz juntas durante a última estação da Via Sacra, a procissão que celebra o sofrimento e a morte de Jesus, desde sua condenação até seu sepultamento.
A cerimônia realizada na Sexta-feira Santa, dia de sua crucificação e dois dias antes da Páscoa, é o feriado mais importante do calendário cristão.
Devido à pandemia de coronavírus, a procissão foi realizada na Praça de São Pedro no Vaticano em 2020 e 2021, e não no Coliseu como tem sido a tradição.
O teólogo jesuíta Antonio Spadaro, próximo a Francisco, explicou no Twitter que a ideia de convidar um grupo de famílias russas e ucranianas para carregar a cruz pretende ser uma mensagem de reconciliação.
"Tem que entender uma coisa: Francisco é um pastor, não um político", enfatizou.
Em frente ao Coliseu romano, as famílias de duas enfermeiras que trabalham no Campus Biomédico de Roma - Irina, da Ucrânia, e Albina, da Rússia -, carregarão juntas a cruz em uma das estações.
Segundo os textos da Via Crúcis, publicados esta semana, falarão da dor de perder tudo e também das dificuldades em perdoar.
As palavras deste ano foram escritas por famílias, porque a Igreja Católica celebra o ano da Família.
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