Congresso dos EUA avança para proibir discriminação por cabelo

00:05 | Mar. 19, 2022

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos votou nesta sexta-feira (18) a favor da proibição a qualquer tipo de discriminação baseada em penteados associados à raça.

Este projeto de lei da Câmara destina-se explicitamente a proteger os afro-americanos que são vítimas de regras que impõem certos cortes de cabelo ou penteados, principalmente nas escolas ou no local de trabalho.

"Como uma mulher negra que ama suas tranças, sei como é se sentir rejeitada por causa do meu corte de cabelo", disse a congressista do Missouri Cori Bush pouco antes da votação.

Há muitos exemplos desse tipo de discriminação nos Estados Unidos: no final de 2019, um adolescente negro do Texas foi suspenso temporariamente do ensino médio onde estudava e ameaçado de expulsão se não cortasse seus dreadlocks considerados longos demais, sanção que gerou debates e acusações de racismo.

Durante um torneio escolar de luta livre em dezembro de 2018, um árbitro também pediu a um estudante negro do ensino médio que cortasse o cabelo se ele não quisesse ser desclassificado porque considerava seu penteado ilegal.

Críticos do projeto, como o republicano Jim Jordan, acusam os democratas de "se afastarem de questões com as quais os americanos se preocupam", como inflação e preços do combustível.

"Acho que é perfeitamente possível lidar com os dois ao mesmo tempo", respondeu a congressista negra Sheila Jackson Lee.

O projeto também tem o apoio de Joe Biden. "O presidente acredita que a ninguém deve ser negada a oportunidade de obter um emprego, ter sucesso na escola ou no trabalho, encontrar moradia ou exercer seus direitos por causa da textura do cabelo ou do corte", declarou a Casa Branca.

O texto será submetido ao Senado, onde seu destino é mais incerto.

Vários estados dos EUA já proibiram a discriminação de cabelos por conta própria, como a Califórnia, e depois de anos permitindo apenas o penteado liso para mulheres militares, o Exército dos EUA revisou seus padrões em janeiro de 2021 para refletir melhor a diversidade em suas fileiras.

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