Bolsonaro critica Cuba: "manifestantes receberam borrachada, pancada e prisão"

Ele ainda criticou, sem citar nomes, adversários políticos que já se reuniram com mandatários de países como Cuba e a Venezuela

10:53 | Jul. 12, 2021

Bolsonaro critica Cuba: manifestantes receberam borrachada, pancada e prisão. (foto: Alan Santos)

O presidente Jair Bolsonaro aproveitou os protestos ocorridos em Cuba no último domingo, 11, para criticar o socialismo e cobrar direitos essenciais para a população da Ilha. Ele criticou a resposta das autoridades do país com "borrachada, pancada e prisão", em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada sobre o risco de se implantar um sistema político semelhante no Brasil.

Ele ainda criticou, sem citar nomes, adversários políticos que já se reuniram com mandatários de países como Cuba e a Venezuela. "Estão querendo viver como os cubanos e os venezuelanos", disse o presidente nesta segunda-feira, 12, disparando "não tem mais cães e gatos na Venezuela, comeram tudo".

"(Os manifestantes) foram pedir liberdade. Sabe o que tiveram ontem? Borrachada, pancada e prisão. E tem gente aqui no Brasil que apoia Cuba, que apoia Venezuela. Gente que foi várias vezes para Cuba tomar champanhe com (Fidel) Castro, foi para a Venezuela tomar uísque com o (Nicolás) Maduro. E tem gente aqui que apoia esse tipo de gente, é sinal de que querem viver como os venezuelanos, como os cubanos", afirmou Bolsonaro em conversa com apoiadores em Brasília.

Na tarde desta segunda, o presidente usou as redes sociais para prestar solidariedade aos manifestantes que avalia querer "o fim de uma ditadura cruel". "Que a democracia floresça em Cuba e traga dias melhores ao seu povo", finalizou. 

- Todo apoio e solidariedade ao povo cubano, que hoje corajosamente pede o fim de uma ditadura cruel que por décadas massacra a sua liberdade enquanto vende pro mundo a ilusão do paraíso socialista. Que a democracia floresça em Cuba e traga dias melhores ao seu povo!

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 12, 2021

Milhares de cubanos foram às ruas no último domingo para protestar contra cortes de energia elétrica e falta de remédios em meio a período agudo da pandemia do novo coronavírus no país, que registrou 6.923 casos e 47 mortes por covid-19 em 24 horas.

O primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba, Miguel Díaz-Canedo, culpou os Estados Unidos pelos atos e insuflou clima de tensão ao convocar apoiadores do regime a saírem às ruas em resposta às manifestações. "Estamos convocando todos os revolucionários, todos os comunistas, a irem às ruas onde existirem esforços para produzir essas provocações", disse o chefe de estado em discurso transmitido em rede nacional. Ele é o terceiro a comandar o país em mais de 60 anos.

Armada com metralhadoras, a polícia reprimiu manifestantes sem força letal, com spray de pimenta e golpes de cassetete. Houve tumultos e prisões, segundo relatos. Em menor número, defensores do governo gritavam "Fidel" na tentativa mal sucedida de abafar palavras de ordem do lado oposto, que pedia "liberdade".

O movimento, cujo epicentro foi San Antônio de Los Baños, cidade vizinha da capital Havana, de 50 mil habitantes, é acontecimento raro na Ilha, onde a oposição ao regime de partido único é ilegal. A crise econômica enfrentada por Cuba desde antes da pandemia de covid-19 se agravou a partir da redução do fluxo do turismo, principal fonte de renda da população.