Deputado rival de Guaidó se autoproclama presidente do Parlamento da Venezuela; oposição denuncia golpe

17:42 | Jan. 05, 2020

Luis Parra, rival de Juan Guaidó, se autoproclamou chefe do parlamento da Venezuela (foto: Federico Parra / AFP)

O deputado opositor rival de Juan Guaidó, Luis Parra se autoproclamou neste domingo presidente do Parlamento da Venezuela, sem a presença de Guaidó no Palácio Legislativo, o que a oposição denunciou como um "golpe de Estado parlamentar".

Imagens de Parra prestando juramento com um megafone na tribuna presidencial da câmara foram exibidas pela TV estatal VTV. Ele prometeu "sair desta desgraça", em meio a discussões aos gritos que tornaram o discurso inaudível.

Parra é acusado de ter feito lobby junto a autoridades de Colômbia e Estados Unidos para livrar de responsabilidade o empresário colombiano Carlos Lizcano em casos de suposto custo extra na importação de alimentos para o governo de Nicolás Maduro.

Depois desta denúncia, o partido opositor Primeiro Justiça excluiu Parra de suas fileiras e rompeu com Guaidó, assinalando que se mantém como adversário de Maduro.

Guaidó e deputados da maioria opositora não puderam entrar no Palácio Legislativo devido a piquetes policiais e militares, depois de mais de quatro horas de tentativa. Tiveram acesso deputados do chavismo e deputados críticos do líder opositor, que, da chefia do Parlamento, havia se proclamado presidente encarregado da Venezuela com o apoio de meia centena de países, liderados pelos Estados Unidos.

A conta da Assembleia Nacional no Twitter denunciou que a proclamação de Parra foi feita "sem votos ou quórum", enquanto a assessoria de imprensa de Guaidó classificou a ação como um "golpe de Estado parlamentar".

O deputado chavista Pedro Carreño disse à AFP que a sessão foi iniciada mesmo com a ausência de Guaidó, com a presença de 150 deputados, e que Parra teria recebido 84 votos.

A oposição conquistou 112 das 167 cadeiras nas legislativas de 2015, mas sofreu divisões a partir de então. Além disso, 30 deputados se exilaram ou se refugiaram em sedes diplomáticas devido a processos judiciais. Guaidó denunciou "subornos" a congressistas para que ficassem contra ele.

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