Arquivos serão revelados pelo Vaticano sobre pontificado da Segunda Guerra Mundial em 2020

Documentos devem mostrar as razões pelas quais a Igreja não adotou posição mais firme durante o Holocausto (1941-1945)

20:33 | Mar. 05, 2019

Papa Francisco afirma que documentos serão revelados no dia dois de março de 2020, mesmo dia em que marca o 81º aniversário de eleição do Papa Pio XII (1939-1958). (Foto: Divulgação)(foto: Foto: Divulgação)>

O papa Francisco anunciou nesta segunda-feira, 4, que o Vaticano vai revelar arquivos do período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) no dia 2 de março em 2020. Os documentos fazem parte do pontificado do Papa Pio XII (1939-1958) e devem mostrar as razões pelas quais a Igreja Católica não adotou posicionamento mais firme durante o Holocausto (1941- 1945). As informações são da emissora alemã Deutsche Welle.

“A Igreja não teme a história”, declarou Papa Francisco, ao lembrar de Pio XII como líder do Catolicismo durante “uma das épocas mais tristes e sombrias do século XX”. A abertura dos arquivos marca o dia do 81º aniversário da eleição de Pio XII como papa, batizado de Eugenio Pacelli. Segundo a Deutsche Welle, muitos consideram suas atitudes como um modo de cumplicidade passiva.

O acesso a esses arquivos é uma vontade de longa data de pesquisadores, que desejam estudar o que consideram uma falta de posicionamento mais forte de Pio XII contra os nazistas. O Holocausto foi um genocídio em massa de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

O papa Francisco afirma que a decisão de abrir os arquivos foi tomada com a compreensão de que pesquisas históricas sérias serão realizadas “sob uma ótica justa, com as críticas adequadas aos momentos de exaltação desse papa e, sem dúvidas, aos momentos de graves dificuldades, decisões atormentadoras e cuidados humanos e cristãos”.

O que se sabe

Na história, de modo oficial, o Vaticano adotou uma postura neutra durante o genocídio. No entanto, alguns historiadores, afirmam que o Papa Pio XII salvou dezenas de milhares de judeus italianos ao permitir que os conventos abrissem suas portas para abrigá-los.

“Lá, no quarto do papa, em sua própria cama, 42 bebês nasceram, crianças judias e de outros que eram perseguidos e que se abrigaram lá”, contou Francisco.

Francisco afirma que a análise das decisões tomadas pelo papa nos tempos da guerra poderá parecer para alguns como se ele tivesse sido “reticente”, mas, na verdade, foram tentativas de “manter acesa a pequena chama de iniciativas humanitárias em tempos de profunda obscuridade e crueldade”.

De modo geral, o Vaticano aguarda 70 anos após o fim de um pontificado para revelar arquivos. No entanto, no caso de Pio XII, a Santa Sé estava sob forte pressão para tornar públicos os documentos enquanto ainda há sobreviventes do Holocausto.