Trump reitera advertências a Maduro frente a presidente colombiano

16:32 | Fev. 13, 2019

O presidente americano, Donald Trump, voltou a advertir nesta quarta-feira (13) que avalia "todas as opções" para solucionar a crise na Venezuela, enquanto destacou que o governo de Nicolás Maduro comente um "erro terrível" ao impedir a entrada da ajuda humanitária internacional.

No início de seu encontro com o chefe de Estado colombiano, Iván Duque, outro inimigo declarado do governo de Caracas, Trump lamentou a "triste" situação na Venezuela, enquanto Washington lidera a lista de 50 países que reconhecem o chefe parlamentar opositor Juan Guaidó como presidente interino desse país.

Em Washington, Trump assegurou que ainda não decidiu se vai enviar tropas à região, mas afirmou que está "avaliando todas as opções".

O presidente dos Estados Unidos assegurou ter "um plano B, C, D, E e F", sem dar mais detalhes a respeito.

"Vocês já verão", respondeu quando foi perguntando se Washington planeja enviar milhares de soldados.

A crise da Venezuela dominará a agenda da visita de Duque aos Estados Unidos e, em seu encontro, ambos os presidentes discutirão "os esforços para restaurar a democracia na Venezuela", sacudida nas últimas semanas pela queda de braço pelo poder entre Maduro e Guaidó.

"Guaidó tem um forte apoio e temos que dar a ele um apoio ainda mais forte (...) para que possa realizar a transição na Venezuela", declarou o presidente colombiano.

Estados Unidos e Colômbia impulsionam a saída de Maduro, cujo mandato consideram "ilegítimo" e a quem responsabilizam pela queda econômica da outrora potência petroleira, com escassez de remédios e alimentos impagáveis para a maioria devido à hiperinflação. Neste contexto, 2,3 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2015, segundo a ONU.

Trump não descarta uma intervenção militar na Venezuela, mas Duque rejeita essa opção e advoga pelo aumento da pressão diplomática para que Maduro deixe o cargo e permita que um governo de transição convoque eleições "livres e justas" o quanto antes.

"A Colômbia continuará trabalhando com a comunidade internacional para que o cerco diplomático seja cada dia mais efetivo", prometeu mais cedo o presidente colombiano, depois de se reunir com o embaixador indicado por Guaidó nos Estados Unidos, Carlos Vecchio.

"Não temos dúvidas de que uma Venezuela livre resultará em benefícios para toda a região e, particularmente, nosso país irmão Colômbia", disse Vecchio.

A Colômbia, que divide 2.200 quilômetros de fronteira com a Venezuela, recebeu 1,1 milhão de migrantes desse país. os Estados Unidos ofereceram ao seu estreito aliado na região mais de 92 milhões de dólares para anteder à onda migratória.

Em uma declaração divulgada anteriormente em vídeo, Duque também enfatizou que "fara tudo o que estiver ao seu alcance para poder fornecer ajuda humanitária" à Venezuela.

A assistência humanitária americana, armazenada há seis dias na cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta, está no centro de uma disputa entre Maduro e Guiadó, que na terça desafiou o governante diante de uma multidão de partidários anunciando que a ajuda entrará "sim ou sim" em território venezuelano em 23 de fevereiro.

Nessa data limite Guaidó completará um mês desde que se autoproclamou presidente interino, depois que o Congresso declarou Maduro "usurpador" por considerar que fue reeleito de forma fraudulenta.

Os alimentos e remédios enviados pelos Estados Unidos estão armazenados perto da ponte binacional Tienditas, que foi bloqueada por militares venezuelanos com dois enormes contêineres de carga e uma cisterna.

Maduro, que nega a existência de uma "emergência humanitária" e culpa pela falta de medicamentos e alimentos as duras sanções americanas, rejeita a ajuda enviada por Washington por considerá-la o primeiro passo de uma intervenção.

Buscando rachar a Força Armada, Guaidó ofereceu anistia aos militares que não reconhecerem Maduro e os advertiu que impedir a passagem da ajuda é um "crime contra a humanidade".

Washington, com quem Caracas rompeu relações por apoiar Guaidó, tenta sufocar o governo e a partir de 28 de abril embargará a exportação vital de petróleo venezuelano ao mercado americano.

Nesta quarta-feira, a agência americana de energia (EIA) disse que as importações do país de petróleo caíram na semana passada devido à abrupta redução dos envios da Venezuela após sanções de Washington contra Caracas.

As compras de petróleo venezuelano totalizaram assim 117.000 barris por dia na semana passada, cinco vezes menos que os 587.000 da semana encerrada em 25 de janeiro.

"Na Venezuela não existe uma crise humanitária, há uma economia bloqueada e assediada", disse na terça-feira na ONU o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, criticando o "hostil" governo de Trump, que primeiro "está te matando e depois está te dando um biscoito".

Enquanto Guaidó tem o decisivo impulso dos Estados Unidos e o respaldo de América Latina e Europa, Maduro conta com Rússia, Turquia, Irã e China, embora, segundo o Wall Street Journal, diplomatas chineses tenham se reunido com delegados do opositor para analisar questões de dívida e projetos petroleiros.

Os Estados Unidos propuseram um projeto de resolução ante o Conselho de Segurança da ONU para que a Venezuela facilite a ajuda humanitária, ao qual a Rússia se opõe.

Enquanto isso, de acordo com a imprensa italiana, o papa Francisco dirigiu uma dura cara de resposta ao pedido de mediação feito por Maduro no início de fevereiro, na qual lembra que no passado não cumpriu com todos os compromissos fixados.

Embora tenha sido cogitado em vários cenários, um eventual diálogo entre as partes tem sido rejeitado por Guaidó, pois assegura que Maduro manipulou as negociações para se manter no poder.