Segundo turno presidencial neste domingo traz riscos políticos ao Peru
13:10 | Jun. 03, 2016
Os dois candidatos são considerados de centro-direita e pesquisas recentes indicam uma disputa apertada nas urnas, com ligeira vantagem para Keiko, filha do ex-presidente Alberto Fujimori. Após ficar no poder entre 1990 e 2000, Fujimori acabou condenado por corrupção e violações aos direitos humanos e hoje, aos 77 anos, está preso.
Na avaliação da Capital Economics, Keiko é uma figura que provoca muitas divisões no país e a eleição dela pode ser um estopim para o descontentamento popular. Os protestos contra a candidata na campanha foram alguns dos maiores desde o impeachment do pai dela, lembra a consultoria, e qualquer sinal de que Keiko possa se inspirar nos "métodos autoritários dele poderiam gerar mais protestos e instabilidade". Por outro lado, uma vitória de Kuczynski traz o risco de dificuldades para a aprovação de medidas no Congresso, porque a Força Popular, de Keiko, controla quase 60% das cadeiras no Parlamento, ante 15% do partido Peruanos pela Mudança, de Kuczynski. Mesmo derrotada, Keiko continuaria, dessa forma, como uma figura central na política peruana, aponta a consultoria.
A Capital Economics diz ainda que os riscos fiscais do Peru devem aumentar nos próximos cinco anos, pois os dois candidatos se comprometeram a afrouxar a política fiscal depois das eleições. A consultoria avalia que, em princípio, isso não é uma preocupação imediata, porque uma grande proporção dos gastos extras devem ir para projetos de infraestrutura, que apoiarão as perspectivas de crescimento no médio prazo, e também porque o Peru tem uma dívida pública entre as mais baixas da região. "Mas, como a economia está provavelmente já perto de seu potencial, uma política fiscal pró-cíclica reduziria o espaço para o governo apoiar a economia contra choques futuros e uma forte alta na dívida seria preocupante", diz a consultoria.