Tusk vai à Turquia pedir mais cooperação na crise de migrantes

A reunião ocorre três dias antes de uma cúpula crucial em Bruxelas entre a UE e a Turquia que estará centrada nesta crise

08:48 | Mar. 04, 2016

O presidente do Conselho Europeu, o polonês Donald Tusk, abordará nesta sexta-feira em Istambul com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a crise migratória que atinge a Europa, com mais de 1,25 milhão de solicitantes de asilo em 2015.

 

A reunião ocorre três dias antes de uma cúpula crucial em Bruxelas entre a UE e a Turquia que estará centrada nesta crise.Paralelamente, o presidente francês, François Hollande, recebia na manhã desta sexta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, no Eliseu para tentar encontrar juntos soluções à pior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial.


Mais de 130.000 migrantes chegaram à Europa desde janeiro, segundo números do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Mais de 1,25 milhão de pessoas, principalmente sírios, afegãos e iraquianos, pediram asilo nos países da União Europeia (UE) em 2015, anunciou nesta sexta-feira o escritório europeu de estatísticas Eurostat.


O número, que marca um recorde, se multiplicou por mais de dois em relação a 2014 (%2b123%), disse o Eurostat em um comunicado.
No total, 1.255.600 pessoas pediram proteção internacional em um dos 28 países membros da UE, 35% delas na Alemanha.


Tusk, que realiza um giro regional pelos países na linha de frente da crise, exigiu na quinta-feira a partir de Atenas novas medidas para frear o fluxo migratório e solicitou aos migrantes econômicos que não se dirijam à Europa.


"Quero lançar um apelo a todos os migrantes econômicos ilegais potenciais, de onde forem. Não venham à Europa. Não acreditem nos traficantes. Não coloquem em risco suas vidas e seu dinheiro. Tudo isso não servirá de nada", disse.


A Comissão Europeia divulgou nesta sexta-feira um plano que tem por objetivo fazer com que o espaço de livre circulação de pessoas Schengen volte a funcionar normalmente até o fim de 2016.


"O objetivo é levantar todos os controles nas fronteiras internas até dezembro", indicou o executivo europeu, que advertiu que o colapso do sistema custaria bilhões de euros à União Europeia.


Alguns países europeus impuseram nas últimas semanas, de forma unilateral, controles em suas fronteiras para conter a entrada de migrantes.
Tusk aproveitou uma reunião na quinta-feira com o primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu, para afirmar que o fluxo migratório continua sendo "alto demais".


"É necessário tomar novas medidas", estimou o funcionário europeu, que sugeriu a criação de um "mecanismo rápido e em grande escala destinado a expulsar os migrantes irregulares que chegam à Grécia".
A Grécia se converteu no principal porto de chegada de migrantes à Europa.

A Turquia disse na quarta-feira estar disposta a assinar com 14 países um acordo de readmissão em seu território de migrantes clandestinos.
Assinou em novembro com a UE um acordo no qual se comprometia a frear o fluxo de migrantes em troca de uma ajuda de 3 bilhões de euros e uma aceleração de seu processo de adesão ao bloco europeu. Mas este acordo não trouxe os resultados esperados.


Davutoglu, cujo país acolhe 2,7 milhões de refugiados sírios, reiterou na quinta-feira que seu país está determinado a "fazer tudo o que for necessário" para conter esta crise.


Tusk também criticou na quinta-feira as decisões unilaterais tomadas por alguns países da UE que impuseram quotas de entrada aos seus territórios que - disse - "prejudicam o espírito europeu de solidariedade".
O fechamento parcial das fronteiras nos países da rota dos Bálcãs, tomada pelos refugiados que desejam chegar aos países do norte da Europa, deixou milhares de migrantes bloqueados na Grécia.

 

AFP