PUBLICIDADE
Notícias

Os 50 anos de Westbam, uma das estrelas do techno alemão

11:16 | 23/03/2015
Um dos grandes nomes da música eletrônica, DJ lança autobiografia e faz um retrato revelador de sua carreira e da cena techno na Alemanha. No dia 14 de março, mais de três mil entusiastas do techno se reuniram em Berlim para a Maxrave, uma festa em comemoração aos 50 anos de Maximilian Lenz e ao lançamento de sua autobiografia. "O mais importante são as batidas, nas quais você tem que dançar", diz Marco, de 34 anos. "Batidas mais fortes, intensas e energéticas do que a regra: foi o que aconteceu quando ele subiu ao palco. Ele ainda toca mais forte do que a maioria dos DJs." As caixas de som estão "bombando", a máquina de fumaça está a todo vapor. O show de laser transforma o salão em um mar de cores: verde, vermelho, azul. Marco veio de uma cidade perto de Münster, no oeste da Alemanha, ver o DJ em Berlim. Lenz passou a infância e parte da juventude na Renânia do Norte-Vestfália, região que inspirou seu nome artístico: Westbam é uma abreviatura de "Westphalia Bambaataa" uma homenagem ao DJ de hip hop nova-iorquino Afrika Bambaataa. "Marcha foi minha primeira paixão" Ao lado de Sven Väth, Westbam é o mais famoso DJ de techno alemão. Músicas como "Sunshine," "Sonic Empire" e "Beatbox Rocker" conquistaram não só as pistas dos clubes ao redor do mundo, mas também as paradas de sucesso e fizeram parte de coletâneas pop, como a série Bravo Hits, muito popular na Alemanha. Mas uma carreira no mundo da música não estava nos planos do jovem Lenz, como ele escreve em sua recém-lançada autobiografia, Macht der Nacht (O poder da noite, em tradução livre). Ele não gostava muito do violão e achava cantar estressante. "Havia muitos sons que eu achava mais empolgantes: pregos sendo martelados, sacos plásticos sendo queimados [...] ou o vício de esmagar carrinhos matchbox", escreve ele no livro. O jovem encontrou então um gênero musical que parecia ser feito para ele: "A marcha foi minha primeira paixão, a primeira experiência de liberdade e aventura." No entanto, Lenz não começou sua carreira musical com a tradicional marcha alemã ou as batidas futurísticas do techno, mas com o punk. Na juventude, ele se juntou ao grupo MS Punks (punks de Münster), um coletivo que ia praticamente contra tudo do establishment. Sua primeira banda se chamava Anormall Null (Zero Anormal), e seus ídolos eram grupos como D.A.F e Ideal. Em 1981, Lenz e seus amigos fundaram a banda punk Kriegsschauplatz Tempodrom (Teatro de Guerra Tempodrom) especialmente para um festival em Berlim Ocidental. Ele havia conhecido recentemente Blixa Bargeld, do Einstürzenden Neubauten, que havia convidado o jovem para tocar em seu festival. Do punk ao techno Para o jovem Max, Berlimfoi"maravilhosa desde o primeiro segundo", escreve ele em sua autobiografia. Westbam relata suas experiências no clube Metropol, onde a cena gay local dançava ao som de novas e pesadas batidas eletrônicas que atravessavam o oceano da distante Chicago. "Agora, uma voz robótica comandava a contagem sobre a batida. 10, 9, 8... uma sirene, um estrondo, um novo riff de sintetizador, o termo explosão popular ganhava um novo significado, gritos, apitos, histeria. Energia do público. Êxtase total. A intensidade era diferente de todos os outros clubes que eu conhecia". A nova música influenciou seus novos caminhos: Lenz estava "ao mesmo tempo chocado e intrigado". Ele tocou pela primeira vez como DJ no clube Odeon em Münster. Na ocasião, ele foi o DJ Capitan Xerox uma referência a Frank Xerox, nome com o qual ele era conhecido na cena punk. Ele ganhou 75 marcos alemães (cerca de 35 euros) pelo seu primeiro trabalho como DJ. "Para mim, esse valor era astronômico", escreve Westbam. "Mas William [seu empresário] dizia que um dia eles me ofereceriam 500! Até mil!" Hoje, a época em que ele tocava por mil marcos está muito distante. Techno sem drogas? Lenz também escreve sobre a popularidade do consumo de drogas na cena techno. Lendo a autobiografia, se tem a impressão que as drogas eram os catalisadores do mundo da música eletrônica. Sem elas, as festas simplesmente não aconteciam. Com elas, elas nunca terminavam. Westbam participou de todas as edições da famosa Love Parade, de 1989 até 2008. Parou apenas em 2010, quando, em 24 de julho, em Duisburg, 21 pessoas morreram durante um tumulto no evento. No começou dos anos 1990, ao lado de irmão Fabian (DJ Dick), ele começou seu segundo grande projeto: Mayday. O evento, que começou em Berlim e depois se mudou para Dortmund, se tornou rapidamente a maior rave interna da Alemanha. A cada ano, mais de 25 mil fãs de techno lotam a pista da festa. Sem pausa entre as músicas Antes de Lenz tocar sua primeira faixa no Odeon em Münster, em 1983 - Bela Lugosi's Dead, do Bauhaus ele recebeu uma dica importante dos técnicos do clube. "Antes de a música acabar, você liga o outro toca-discos. Sem pausa entre as músicas. Aumente o som de um lado e abaixe do outro e pronto. Isso é tudo que você precisa saber como DJ." Bem, isso é quase uma verdade. Nos anos seguintes, o novato desenvolveu um estilo único ele ajusta as diferentes velocidades das batidas com um controlador até uma faixa sincronizar com a outra. A mudança entre uma música e a outra é quase imperceptível, e a transição acontece de forma suave. "Eu tive que aprender o que era ser um DJ: saber em antemão o que vem a seguir", escreve ele no livro. Isso vale até hoje. "Confesso que estou emocionado", diz Michael, de 57 anos, no show de aniversário de Westbam em Berlim. Essa é a primeira vez dele em um evento de techno veio acompanhar o filho de 17 anos. "Claro que a música é alta, mas a energia aqui é fenomenal. Ela te impulsiona de uma maneira bonita e alegre. Essa batida nunca vai acabar!" Autor: Nikolas Fischer (mas)Edição: Rafael Plaisant
TAGS