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"Novo governo Netanyahu será fraco", diz especialista

13:33 | 18/03/2015
Reeleição do premiê israelense acarreta estagnação interna e do processo de paz no Oriente Médio, diz analista política. Segundo ela, palestinos terão que percorrer o seu próprio caminho, através das Nações Unidas. Com a vitória nas eleições, o político conservador Benjamin Netanyahu deve permanecer primeiro-ministro de Israel. Mas, embora detenha a maioria parlamentar, seu partido, o Likud, só ocupa 30 dos 120 assentos do Knesset, e precisará formar uma coalizão para governar. Diante dos sérios problemas internos e externos no país, o quarto mandato de Netanyahu promete ser atribulado. Em entrevista à DW, Margret Johannsen, especialista em conflitos do Instituto de Pesquisa sobre Paz e Política de Segurança da Universidade de Hamburgo, diz que o novo governo israelense será fraco, por ter que levar em consideração parceiros de coalizão. DW:Como será o novo governo israelense? Margret Johannsen:Devemos contar com um governo relativamente fraco, pois será um governo de coalizão. Benjamin Netanyahu vai ter que levar em consideração os seus parceiros: os nacionalistas de direita e os partidos religiosos. Mas isso sempre foi assim: na história israelense, nunca houve um governo unipartidário, sempre de coalizão. Também por isso os governos sempre foram complicados, e os períodos entre eles, mais curtos do que prevê a Constituição. Que papel representa a Lista Árabe Unida, terceiro poder no Knesset depois do Likud e da União Sionista? O bloco árabe vai fazer oposição. Deve-se considerar positivo o fato de ele dispor de tantos deputados e de que uma mulher talvez até lidere sua bancada. No passado, os israelenses árabes meio que se resignaram quanto a sua representação na política de Israel. Mas como agora houve a chance de criar um bloco e de ocupar assentos no Parlamento, muitos votaram nele. Acho positivo a Lista Árabe poder exercer um papel crítico e construtivo na política interna israelense. O que significa para a política interna e externa do país um quarto mandato de Netanyahu? Internamente, o principal assunto é o custo de vida e os aluguéis elevadíssimos. Assim como outros governos antes dele, a política econômica de Netanyahu tem sido neoliberal, resultando num abismo cada vez maior entre pobres e ricos. Em 2011, isso suscitou grandes protestos, mas que adormeceram. Na época, não foi possível dar nome a uma das causas fundamentais do alto custo de vida: a ocupação dos territórios palestinos, que é cara. Os colonos têm que ser protegidos nas terras ocupadas, onde vivem de forma privilegiada, a aluguéis módicos. Isso nunca foi tematizado, pois não se queria semear discórdia entre os manifestantes. Para a política interna de Israel, eu vejo pouca mudança. Para a política externa, infelizmente, vale o mesmo. As negociações com os palestinos foram suspensas, não houve novas tentativas de aproximação. Há pouco, Netanyahu declarou que não quer nenhum tipo de Estado palestino. Portanto os palestinos vão ter que percorrer o seu próprio caminho, através das Nações Unidas, para fundar um Estado que também seja aceito na ONU como membro de pleno direito. Até o momento, 135 países reconheceram a Palestina como Estado. E há um outro tema: o Irã. Nesse campo, há dissídio entre os Estados Unidos e Israel. Vai ser interessante observar essa questão. Então, que papel cabe à União Europeia? A UE tem importância para Israel, que exporta muitas mercadorias para os países europeus. Se o bloco levar a sério seu próprio ponto de vista legal, segundo o qual os territórios ocupados não pertencem a Israel, então os produtos vindos dos assentamentos israelenses nesses territórios não poderão mais ser importados livres de taxas alfandegárias. A União Europeia também poderá cuidar para que os produtos originários das zonas ocupadas sejam designados por rótulos especiais no mercado europeu. A indicação do assentamento de onde o produto é originário permitirá ao consumidor responsável ver o que compra e decidir por si se apoia ou não a política de assentamentos de Israel. Isso, a UE pode introduzir, de preferência de forma rápida e decidida. Autor: Alexander Drechsel (av) Edição: Rafael Plaisant
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